Confira alguns depoimentos sobre o Profides
Que tal conhecer um pouco mais sobre o Profides a partir dos depoimentos de alguns de seus participantes?
Que tal conhecer um pouco mais sobre o Profides a partir dos depoimentos de alguns de seus participantes?
No último dia 27/04, realizamos a oficina aberta #esquentaprofides2021 e apresentamos um pouco sobre a metodologia que será utilizada durante o programa.
Para você que não pode participar, assista agora e saiba mais sobre a edição de 2021 do Profides: Desenvolvimento como Profissão.
As inscrições seguem abertas. É só CLICAR AQUI!
As inscrições para o Profides estão abertas. E, neste período, é muito comum as pessoas terem dúvidas sobre o programa e sua proposta de aprendizagem.
Por isso, vamos realizar um #esquentaprofides, uma oportunidade de entender um pouco sobre a prática social reflexiva e a metodologia deste curso.
Na próxima terça-feira (27/04), das 15h às 18h, vamos praticar, tirar dúvidas e apresentar a edição 2021. E será uma alegria ter você conosco!
MAS LEMBRE-SE, É NECESSÁRIO FAZER SUA INSCRIÇÃO CLICANDO AQUI!
Veja o convite da consultora e facilitadora Flora Lovato e aproveite para conhecer a proposta e a metodologia deste curso.
O ano de 2021 chegou sem carnaval, sem volta às aulas, sem viagens ou idas ao escritório. Chegou inundado de 2020 e suas dinâmicas de isolamento social, excesso de vida virtual e sobrecarga emocional. Seguimos esticados em nossos limites, como se tivéssemos diante de uma miríade de mundos: antes e depois da Covid-19. Sem fronteiras claras entre passado e futuro, é recorrente a sensação de não saber qual o dia da semana ou se este mês é mesmo de um novo ano, como se vivêssemos um hiato temporal onde a precisão cronológica não é mais relevante para tomada de decisões.
A vacina chegou em meio a um turbilhão de movimentos incessantes, no qual ora somos empurrados e ora escolhemos caminhar por direções impensáveis há um ano. Tudo está intensificado e se movendo rapidamente em aspectos da vida que levamos muito tempo para tecer. Transformação é a palavra de ordem. Então, que tipo de ordem experimentamos quando a vida parece estar fora de controle? Que habilidades podemos despertar para reconhecer essa ordem? Quais as leis daquilo que está em movimento? Quais fenômenos se relacionam com processos de mudança? O que podemos aprender com a Natureza e os fenômenos vivos?
O Profides propõe-se a investigar isso. É um convite a experienciar e praticar um outro modo de consciência que nos desloca do lugar de observador externo e nos coloca dentro do movimento de forma ativa. É um mergulho na nossa prática em busca de reconhecer nosso jeito de estar na vida. De desenvolver outras formas de observar, escutar e construir sentido para o que fazemos. Entendemos por “prática” a escolha diária, mais ou menos consciente, de fazer as coisas que mantêm e criam novas dinâmicas para nós e os outros.
UMA EDIÇÃO VIRTUAL
O Profides é um programa inovador, de formação continuada, dedicado a pessoas interessadas em buscar – e também construir colaborativamente – a arte da intervenção social a partir de uma perspectiva mais humana e orgânica. Vem sendo realizado há 18 anos pelo Instituto Fonte e suas dez primeiras edições foram presenciais, cada uma com cinco módulos imersivos.
Esta é terceira edição virtual e foi especialmente desenvolvida para o contexto atual que estamos vivendo. Acontecerá em três meses, de 21 de setembro a 17 de dezembro, por meio de encontros on-line (via plataforma ZOOM) e atividades síncronas e assíncronas que somam até oito (8) horas semanais de dedicação. Conscientes do risco de ficarmos muito tempo em imersão na virtualidade, os momentos virtuais serão de trocas entre participantes e facilitadores. Cada participante será convidada/o a atividades não-virtuais – como a escrita e a observação -, mesmo durante o tempo de conexão.
Estimamos em torno de oito (8) horas de dedicação semanal, entre atividades síncronas e assíncronas.
ESTRUTURA
Serão desenvolvidos três (3) ciclos de um mês cada, com atividades individuais, momentos em grupos para aprofundar conteúdos específicos e plenárias de trocas e reflexões coletivas. Cada ciclo tem um eixo principal a ser investigado, experimentado e praticado.
1o ciclo: Compreensão de processos vivos e desenvolvimento
Neste primeiro ciclo, desejamos: acordar e praticar nossa capacidade de prestar atenção por meio da observação ativa, da descrição e conexão com o processo de vir-a-ser daquilo que é vivo; acessar leis do desenvolvimento a partir da própria experiência e; conectar-se com movimentos em processos vivos: no humano, na natureza, nas organizações.
2o ciclo: Como acontecem e como ler processos de mudança
No segundo ciclo, desejamos: possibilitar intimidade com o que muda em si próprio e ao seu redor, aprofundando a reflexão de como a mudança acontece; perceber movimentos e ritmos em si e fora de si, nas organizações e na sociedade e; prestar atenção e criar capacidades de ver as forças presentes nos processos de mudança e desenvolvimento: tensões, resistências, impulsionamentos e polaridades, entre outros
3o ciclo: Observação e auto-observação como prática
No terceiro ciclo, desejamos: compreender e praticar a habilidade de observação e leitura de processos, dessa vez, incluindo nossa própria atuação como um fenômeno a ser observado e; exercitar a auto-observação e os espaços reflexivos, individuais e de grupo, como uma maneira consciente de estar no mundo.
A PRÁTICA SOCIAL REFLEXIVA
A prática social reflexiva é uma abordagem de compreensão da transformação social inspirada pelo pensamento científico de Goethe, que se baseia na inteligência dos organismos vivos.
Goethe olhava tudo como verbo – ou seja, como atividade – e em constante transformação: do girino ao sapo, do feto ao corpo humano plenamente desenvolvido, da semente à árvore. Percebia a vida sempre em interconexão e constante metamorfose.
Essa habilidade de se relacionar com os fenômenos como ‘coisa’ viva, transborda da prática profissional para nossa vida, tornando-se uma prática que não se esgota na ferramenta, no instrumento, na técnica; mas que atua em todo nosso comportamento.
Allan Kaplan e Sue Davidoff, da Proteus Initiative (África do Sul), são precursores da Pratica Social Reflexiva no mundo. Em 2002, o Instituto Fonte foi pioneiro em trazer essa abordagem para o Brasil e o Profides tem sido um programa no qual esta abordagem é levada a diferentes regiões do país.
Esta forma de entender o mundo está no centro do Profides, como abordagem metodológica e como um convite a um ‘estilo de viVER a vida’ que lembra de tomar todos os campos sociais como fenômenos singulares, vivos, orgânicos e também em constante transformação.
RELAÇÃO FINANCEIRA
A pergunta que “deveria” ser respondida nesta sessão é: quanto o programa custa para cada participante? No entanto escolhemos nos fazer outra pergunta: como construir a sustentação financeira deste programa, considerando as diferenças econômicas e sociais de cada participante?
Gostaríamos de construir uma relação distinta à lógica cliente-fornecedor. Nela, o dinheiro não deve ser um impeditivo à participação. Ao mesmo tempo, estamos oferecendo um programa facilitado por pessoas que dedicam sua vida a essa prática e que precisam se sustentar financeiramente.
Dessa forma, o Profides 2021 não tem um preço determinado pela organização para o participante. Nosso convite é para que cada pessoa possa exercer autorresponsabilidade e autonomia para definir, com nosso apoio e informações, o valor que deseja contribuir financeiramente. Enfim, para nos relacionarmos com as finanças a partir da lógica da ecologia social em que os recursos e necessidades são diferentes entre os indivíduos de um grupo.
Para isso, é importante compartilhar algumas informações sobre a estrutura desta edição. Foram estimadas 380 horas de trabalho dedicadas para a coordenação, facilitação e gestão do programa. Somados aos custos com infraestrutura e comunicação, temos a meta mínima de R$ 33.683,29 para que o programa seja sustentável financeiramente. Este valor representa o total, considerando os três (3) meses de programa e deve ser arrecadado pela turma (aproximadamente 20 participantes).
CRONOGRAMA
Inscrições para a próxima turma estão abertas.
Abertura e apresentações: formaremos uma próxima turma com o número mínimo de até 10 participantes.
INSCRIÇÕES: ATÉ 17 DE SETEMBRO
DURAÇÃO: DE 21 DE SETEMBRO A 17 DE DEZEMBRO
Ciclo 1
Ciclo 2
Ciclo 3
FACILITAÇÃO E REALIZAÇÃO
Para o Instituto Fonte, facilitar é abrir espaço para aquilo que está incipiente, incrustado ou reprimido para desabrochar, aparecer e ganhar voz. Cuidamos dos detalhes de uma conversa ou reunião, procuramos fazer uma escuta ampliada e desenvolver um profundo processo de observação. Por fim, entendemos que toda facilitação também é uma forma de constante aprendizagem mútua.
O Profides 2021, nesta versão virtual, é uma experiência pioneira e que pede um processo cuidadoso em sua realização. Considerando os limites desse formato, reunimos facilitadores profissionais com experiência e trajetória significativa no campo da fenomenologia.
ANA BIGLIONE
Fundadora da Noetá, Ana atua com transformação social e desenvolvimento de pessoas e organizações pela Noetá e em parceria com outras iniciativas, principalmente no Brasil, Argentina e África do Sul. Formada em administração pela FGV-SP, desenvolve sua atuação a partir da Prática Social Reflexiva, que estuda e ensina há mais de 10 anos, tendo facilitado processos como o Profides, Programa Artistas do Invisível e Ativismo Delicado. Em sua trajetória se envolveu com a concepção do Instituto Hedging-Griffo, do qual foi conselheira, e atuou em organizações como IDIS, apoiando empresas no seu investimento social no Brasil e na Argentina; FICAS, em processos formativos no Brasil e em Moçambique e; Instituto Geração, organização para jovens-adultos da elite, engajados na transformação social, que co-empreendeu e foi diretora executiva. Participou do conselho de diversas iniciativas sociais e, com sua irmã, co-fundou a Associação Cultural Cuadra Flamenca.
ANTONIO LUIZ DE PAULA E SILVA
Consultor do IMO Instituto de Desenvolvimento Organizacional. Mestre em Administração pela FEA/USP (2001), engenheiro agrônomo pela ESALQ/USP, desde 1989 trabalha em projetos de desenvolvimento social como facilitador, educador e consultor. Fellow da Ashoka Empreendedores Sociais (1988). Autor do livro “Utilizando o Planejamento como Ferramenta de Aprendizagem”, editado pela Editora Global em 2001, e de outros textos voltados para o desenvolvimento de organizações do Terceiro Setor.
FLORA LOVATO
Consultora e facilitadora de processos associada ao Instituto Fonte desde 1999. Foi gerente geral da Fundação Iochpe por seis anos e há 22 anos vem trabalhando em processos de desenvolvimento – desenvolvimento organizacional, planejamento estratégico, aprendizagem e avaliação de programas e projetos – junto a diferentes iniciativas sociais a partir da prática social reflexiva. Atua como facilitadora nos programas de formação desenvolvidos pelo Instituto Fonte e, como consultora convidada da The Proteus Initiativa, co-facilitou a Pós-Graduação em Prática Social Reflexiva. É fellow da Fundação Kellogg, do BoardSource, onde realizou formação voltada ao desenvolvimento de Conselhos e Governança Institucional, e do Community Development Resource Association, organização junto à qual cursou o Fellowship Programme, programa avançado com foco em intervenção social. É graduada em Comunicação Social pelo Instituto Metodista de Ensino Superior e especialista em Docência no Ensino Superior pela Universidade Dom Bosco.
HELENA RONDON
Consultora e facilitadora associada ao Instituto Fonte. Formada em comunicação, pós-graduada em MKT e mestra em Gestão Pública. Participou da Pós-Graduação “Reflective Social Practice” realizada pelo The Proteus Initiative de Cape Town, África do Sul, em parceria com o Crossfields Institute, de Londres- Inglaterra e a Alanus University de Bonn – Alemanha. A minha prática profissional é resultado de 15 anos de atuação em educação e empresas privadas de comunicação, cooperação internacional – Aliança Interage e ONG Doutores da Alegria e mais 14 anos como facilitadora de processos de Desenvolvimento. Mora em Recife (PE).
JULIANA DA PAZ
Juliana é consultora e facilitadora de processos. Atua como professora universitária e no campo das organizações da sociedade civil facilita processos de desenvolvimento de grupos e indivíduos. É formada em Administração de Empresas pela Universidade de Pernambuco e pós-graduada em Gestão de Organizações sem Fina Lucrativos, pela Universidade Mackenzie, e mestre em Administração com foco em processos de aprendizagem, pela Universidade Federal de Pernambuco. Em sua trajetória profissional atuou, desde 2002, nas áreas financeiras e de desenvolvimento institucional de diversas OSC, com foco em planejamento estratégico, processos de mudança e reestruturação organizacional, captação de recursos, elaboração e gestão de projetos. Desde 2009 também atua como professora em cursos de graduação e pós graduação. Preside voluntariamente a Associação Pró Adoção e Convivência Familiar e Comunitária.
MÁRCIA THOMAZINHO
Atua no campo do desenvolvimento social há 20 anos, com experiência na gestão institucional, coordenação de programas e projetos de desenvolvimento comunitário, educação integral e formação de lideranças solidárias em contextos corporativos. Há mais de 10 anos, é consultora em processos de desenvolvimento organizacional e de grupos, planejamento estratégico, avaliação de projetos, aprendizagem organizacional e sistematização de experiências, com abordagem inovadora baseada na Prática Social Reflexiva, processo fenomenológico para desenvolvimento (Proteus Initiative e Instituto Fonte) e em metodologias inovadoras de aprendizagem. Bióloga, pós-graduada no programa Reflective Social Practice (Crossfields Institute e Alanus University) e em Gestão de Organizações do Terceiro Setor (Mackenzie) e, nos últimos anos, tem se dedicado a formações em Pensamento Sistêmico aplicado a contextos sociais. No Instituto Fonte, foi consultora associada e do colegiado de gestão, cursou o Profides em 2009, do qual foi posteriormente co-facilitadora entre 2011 e 2012, participou do programa de formação Artistas do Invisível e foi facilitadora do Programa Aprimora.
SARITTA FALCÃO BRITO
Consultora e facilitadora de processos associada do Instituto Fonte, Saritta atua na aprendizagem e desenvolvimento de pessoas e organizações junto a diferentes iniciativas sociais. É formada em Administração de Empresas pela Faculdade Estadual de Pernambuco e pós-graduada em “Reflective Social Practice”, pela Alanus University, em Bonn, Alemanha. Em sua trajetória foi superintendente do Instituto Ação Empresarial pela Cidadania, criado pelo Programa LIP – Leadership of Philantropy (Fundação W.K Kellogg); co-fundadora do Grupo Recife de Aprendizagem (Gra), organizador da pós-graduação em Prática Social Reflexiva no Brasil e; co-facilitadora da 8ª edição do Profides e do módulo Fenomenologia Goetheana, da Formação em Pedagogia Waldorf – NE. Participa voluntariamente do conselho deliberativo da Fundação Mamíferos Aquáticos e do grupo gestor do Jardim Aroeira.
THIAGO SALDANHA
Profidiano de 2019. É consultor em desenvolvimento de cultura de diálogo em grupos e organizações, facilitador em habilidade socioemocionais de comunicação e mediador de conflitos. Sócio-Fundador da Reúna, há 5 anos se dedica à prática da Comunicação Não-Violenta e aos estudos da Não-Violência. Tem mais de 10 anos de experiência, atuando como produtor e gestor cultural, dos quais sete dedicados ao desenvolvimento e implementação de estratégias de investimento social voluntário para empresas do setor de mineração e óleo e gás. É designer de sustentabilidade pelo Gaia Education, certificado em Ciências Holísticas e Economia para a Transição pela Schumacher College Brasil. Possui formação em Sociocracia com os fundadores da Sociocracy 3.0 e especializações em facilitação pelo centro de Comunicação Não-Violenta, BayNVC (California): The Art of Facilitation e Convergent Facilitation. É bacharel em Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense, tendo cursado Gestão Cultural na Universidade Lusófona em Lisboa.
TIÃO GUERRA
Pedagogo dedicado ao desenvolvimento do ser humano enquanto indivíduo e em grupos. Desde 1979, Tião trabalha com instituições, movimentos sociais, empresas e governos. Atuou como educador formal em escolas públicas, entre 1980 e 2017. Fundou o Instituto de Educação de Nova Friburgo, em 1985, e foi o diretor da escola de aplicação do mesmo. Fundou a Associação Crianças do Vale de Luz, em 1988, e, dentro dela, duas escolas públicas, com metodologias ativas. A partir daí, em 1996, Tião começou a atuar como consultor de processos de desenvolvimento social. Realizou estágios na área educacional na França, Suíça e África do Sul. Tem prestado serviços de avaliação, planejamento, produção de conhecimento, desenho de gestão, entre outros, para organizações como UNICEF/RJ; BMZ (Ministério Social Alemão); Fundação Nelson Mandela (África do Sul); Instituto Alana; Instituto OI Futuro; British Council; Fundação Vale; SESC – Departamento Nacional; Cícero Papelaria. É graduado em Pedagogia, com especializações em Pedagogia Waldorf e Pedagogia Social. É músico, leitor e escritor, e pratica e acredita no contato consigo mesmo, com a natureza, com a Arte e com o Outro como instrumento de trabalho e de desenvolvimento pessoal e social.
O programa iniciará com um mínimo de 10 participantes. Caso tenhamos um número superior a 25 inscrites, serão formadas duas turmas e será possível escolher participar do processo pela manhã/tarde/noite.
Mencione sua preferência de horário ao FAZER SUA INSCRIÇÃO AQUI!
Baixe aqui o PDF do programa: Profides 2021 – Turma 2 – Setembro
E, em caso de dúvidas, entre em contato com: contato@institutofonte.org.br
Assistam ao convite das facilitadoras desta edição, Saritta Falcão Brito e Márcia Thomazinho.
Assistam aqui à live de lançamento:
É só acessar: https://us02web.zoom.us/j/7130258961
Resolvemos contar um pouco da história deste programa que inaugura, no Brasil, a prática social reflexiva voltada para profissionais que atuam no campo do desenvolvimento social
O nome surge de uma brincadeira. “Sempre que havia a necessidade de se hospedar em um hotel, ninguém sabia ao certo como preencher o item “profissão” na ficha de check-in. Cada um colocava uma descrição e nenhuma delas representava o que de fato se viam fazendo no campo social”, explica Saritta Falcão Britto, consultora do Instituto Fonte que vai nos contar um pouco da história do Profides – Profissão Desenvolvimento.
Também tinha a ver com a dificuldade em traduzir adequadamente o termo practitioner para o português, que literalmente é um prático ou praticante. E a palavra profissional não era uma tradução adequada, porque esse termo parecia muito vinculado à forma das empresas chamarem as pessoas de suas equipes, algo que o programa não queria reforçar”, lembra a facilitadora. “Enfim, o que fizemos? Profissão: Desenvolvimento”.
Assim surge o nome Profides, programa de formação que influenciaria profundamente toda a trajetória do Instituto Fonte. Após mais de 15 anos da primeira versão, sua XI edição presencial foi cancelada devido à política de isolamento social provocada pela Covid-19 e nasceu a primeira edição com um formato voltado para o mundo virtual.
Durante esse período, aproveitamos para conversar com Saritta Falcão Britto, que também é uma das responsáveis por sistematizar a trajetória do programa, junto com outras duas consultoras, Márcia Thomazinho e Martina Otero.
Saritta é formada em administração de empresas pela Universidade Estadual de Pernambuco e iniciou sua trajetória no campo social como voluntária no Instituto Ação Empresarial pela Cidadania, organização que surgiu de um programa da Fundação Kellogg, junto com outras quatro ou cinco no Brasil voltadas para atuar com o fomento do Investimento Social Privado. Cursou a segunda turma do Profides, em 2006.
Para além de contar sobre, Saritta contextualizou a influência do programa em sua própria atuação profissional. E tudo isso se tornou uma mistura interessante, que você lerá adiante em mais uma das entrevistas da série #fonte20anos (que esperou a edição 2020 ser cuidadosamente planejada para ir ao ar).
Boa leitura!
O debate em torno das políticas neo-liberais, redução do papel do Estado e a privatização de produtos e serviços de setores básicos intensificou no Brasil, ainda nos anos de 1990, um movimento em torno do fortalecimento de ações de Investimento Social Privado. O objetivo era fomentar uma nova cultura empresarial em sua forma de investir em ações sociais.
Este movimento reforçou aspectos já trazidos com as agências internacionais de cooperação para as organizações sociais, voltados para controle dos processos, metrificação, acompanhamento de resultados, o planejamento estratégico e seu monitoramento. Para as organizações sociais, essas demandas mais tecnicistas representaram bem mais do que a criação de planilhas e procedimentos. O que quero dizer com isso?
No campo social, quando construímos um projeto, não almejamos a criação de um produto, de um serviço. Antes de tudo, falamos sobre a transformação social que queremos, seja na esfera comunitária, na educação, na cultura. O campo social tem outra natureza de atuação, de intervenção, de transformação, de mudança e de indicadores. Um conjunto de elementos técnicos e empresariais, simplesmente exportados para o mundo das iniciativas sociais acirrou a criação de organizações com muita capacidade técnica, nas quais as transformações centrais passaram a ocupar lugares secundários.
Qual seria a abordagem capaz de valorizar esse algo da natureza da ação social, sem deixar de lado o que se apresentava cada vez mais forte e necessário, relacionado à profissionalização das organizações?
O Instituto Fonte, que já atuava com aspectos da gestão de organizações do terceiro setor, percebeu a necessidade de criar um espaço de formação para debater e enfrentar essas questões. Assim, começa a elaborar um processo de formação voltado para as pessoas, líderes que trabalham com desenvolvimento social, com uma abordagem no campo da gestão capaz de transcender o aspecto tecnicista, da ferramenta em si.
Marina Magalhães, minha companheira na coordenação da oitava edição e então consultora associada ao Fonte, participa de um curso de facilitação de processos com Allan Kaplan, na África do Sul, sobre empoderamento dos indivíduos para uma leitura de contexto e se aprofunda no conteúdo do livro The development practitioners’ handbook. Ao lado de Antônio Luiz de Paula e Silva, também consultor, passam a idealizar a proposta inicial do que viria a ser o Profides. Tião Guerra torna-se um terceiro fundador, quando convidado para co-facilitar os módulos na condução das atividades musicais e artísticas, ampliando a linguagem e a abordagem de aprendizagem do programa.
A primeira edição foi financiada pelo Grupo Pinheiro, na forma de bolsas para os participantes. Mas foram muito importantes os recursos provindos da Cordaid, uma organização holandesa, que na época financiou as viagens de Allan ao Brasil e de profissionais do Fonte para a África do Sul. Esse intercâmbio foi o grande definidor do desenho inicial do programa. O Instituto Fonte manteve esse formato de bolsas parciais até a oitava edição.
Linha do tempo do Profides:
Profides – Profissão: Desenvolvimento é um programa voltado para a/o profissional que atua com situações de desenvolvimento social, sejam gestoras/es de projetos ou programas, de organizações sociais, em órgãos públicos, empresas, fundações, institutos.
Seu objetivo é oferecer uma abordagem, menos ferramental e tecnicista, sobre como lidar com situações complexas, vivas, em movimento constante embora, às vezes, imperceptível. Ele atua no desenvolvimento de faculdades e habilidades pessoais capazes de favorecer a leitura dos contextos e cenários no campo de atuação do participante.
O programa procura desenvolver uma visão sistêmica, holística e orgânica da gestão. Trata da necessidade de entendermos que o fato codificado, metrificado é importante e que decodificá-lo exige outras capacidades internas de leitura de processo, de escuta, de reconhecimento de padrões, de percepções de relações.
O programa traz um conjunto de atividades para seus participantes desenvolverem estas “outras capacidades”. Um bom exemplo para visualizarmos o que estou explicando é aquela imagem clássica do iceberg, na qual o que está visível é uma parte muito menor do que tudo aquilo que está abaixo da água. Com as organizações e os processos sociais tendemos a olhar da mesma forma e consideramos apenas a parte visível do iceberg.
E como fazer para decifrar, acessar e compreender melhor o que está invisível naquela situação? O programa entende que essas habilidades devem ser trabalhadas no âmbito dos indivíduos que integram as organizações. O Profides desenvolve uma nova maneira de lidar com processos, a partir da premissa de que lidamos, para além de situações controláveis, objetivas, práticas, quantitativas, com aspectos invisíveis e que isso tudo emerge no ambiente da organização.
Eu atribuo ao Instituto Fonte esse pioneirismo de apresentar no Brasil essa abordagem, alicerçada no método cognitivo de J.W. Goethe, a fenomenologia. Até aquele momento, não havia qualquer referência sobre um curso com esse tipo de abordagem específica para profissionais do campo social.
O diferencial construído está no fato de olhar para o conhecimento que o Instituto Fonte tem do campo social e das organizações, misturar isso com um lugar de conhecimento diverso e amplo, relacionado à prática social reflexiva e todo o intercâmbio de conhecimento realizado com Allan Kaplan. O programa foi organizado em cinco módulos, com temas intercalados, e trata desde o que é desenvolvimento, como ocorre a mudança, como fazer leitura e intervir em processos de desenvolvimento e, por fim, como é possível se manter nessa prática.
Um parênteses para falar da Fenomenologia, a principal abordagem que nos conduz*
O delicado empirismo de Goethe é uma ciência da vida em todas as suas formas. Para obter uma compreensão completa da vida, o método de Goethe exige que o cientista respeite e atenda a vida. Eu argumento que, para alcançar esse objetivo, é preciso se tornar um aprendiz para a vida. Tornar-se um aprendiz para a vida exige que se recuse a comer o outro. Isso implica que o método de Goethe pode ser empregado com sucesso por qualquer pessoa que busque justiça social. Bill Bywater
Para respeitar e atender à vida. Goethe olhava tudo como verbo – ou seja, como atividade – e em constante transformação: do girino ao sapo, do feto ao corpo humano plenamente desenvolvido, da semente à árvore. Percebia a vida sempre em interconexão e constante metamorfose. Fazia isso com rigor científico, para atender aos mais elevados padrões de ciência de sua época, muitos deles em vigor até hoje.
Cunhou o termo Morfologia (o estudo da forma) para designar sua ciência – e como Bill Bywater adianta, também a chamou de “delicado empirismo”. Anos mais tarde, ela passou a ser chamada de Fenomenologia (Goetheana para diferenciá-la das demais vertentes da fenomenologia).
Aplicada ao mundo social, político, cultural, econômico, essa ciência está no centro do Profides, como abordagem metodológica e como um convite a um ‘estilo de viVER a vida’. Ela nos lembra de tomar todos os campos sociais como fenômenos singulares, vivos, orgânicos e também em constante transformação.
Essa habilidade de se relacionar com os fenômenos como ‘coisa’ viva, transborda em nossa prática profissional, em nossas relações interpessoais, em nossa vida pessoal íntima de formas surpreendentes, trazendo genuinidade, prazer e realização ao nosso fazer. Sendo assim, o Profides se apresenta como promotor de uma prática que não se esgota na ferramenta, no instrumento, na técnica; portador de altíssimo rigor e sabor, ele atua em nosso comportamento.
Diferentes capacidades de percepção, observação, imaginação e intuição são necessárias para compreender tais fenômenos, multifacetados no exterior e diversificados no seu interior.
A razão pela qual as coisas se apresentam diante de nós de maneira tão enigmática é que não participamos de seu vir-a-ser. Simplesmente as encontramos. Quanto ao pensar, no entanto, sabemos de onde vem. Por isto, não existe um ponto de partida mais fundamental para a compreensão do mundo que o pensar. Rudolf Steiner
Como desenvolver essa habilidade de ver a vida sem ter que dissecá-la? Como compreender um indivíduo, um grupo, uma comunidade, uma organização, uma empresa, como um todo ao invés de percebê-los como divididos em partes? Uma nova forma de praticar o pensamento nos é requerida e é em busca de aprimorá-las que o Profides trabalha.
* trecho retirado do material explicativo do programa. Allan Kaplan e Sue Davidoff, da Proteus Initiative (África do Sul), são precursores da Pratica Social Reflexiva no mundo.
O Profides inspira outros processos de aprendizagem e experimentação do próprio Instituto Fonte. Os exercícios e práticas que desenvolvemos com as organizações em planejamento estratégico, avaliação, facilitação têm a mesma base metodológica. Isso nos confere uma abordagem bastante específica (que pode ser aprofundada na entrevista Facilitação: a arte de intervir em organismos sociais vivos ).
Outros exemplos de extensão dessa prática é o Aristides, um encontro bianual de trocas entre participantes dos programas do Fonte, o Artistas do Invisível; o Programa Aprimora, e algumas oficinas que passam a fazer parte das nossas práticas, como o Ativismo Delicado. Todos acabam se constituindo como um conjunto de iniciativas capazes de aprofundar essa abordagem aqui no Brasil. Vale ressaltar que a experiência de intercâmbio permanente com Allan teve o Profides como primeiro expoente, mas inspirou o Artistas do Invisível anos depois.
Temos relatos de programas de formação em outras organizações, inspirados no Profides, como o Lidera (formação para empresários), o Geração (focado na formação de novas gerações da elite econômica do Brasil) e o surgimento e atuação do Grupo Recife de Aprendizagem, do qual sou parte com outros 12 participantes da segunda edição, é outro importante expoente de iniciativas surgidas a partir do Profides. Com a motivação de aprofundar e mergulhar no estudo dessa abordagem o grupo fundou, com a Escola Proteus, a primeira Pós-graduação em Prática Social Reflexiva, no Brasil.
Nosso país é um grande expoente da prática social reflexiva em toda a América Latina, e o Profides foi e é uma janela ou porta de entrada. Fortalecer as diferentes iniciativas que têm sido criadas e pautadas por essa abordagem, seus atores, é algo que nos sentimos chamadas e responsáveis. Nos três encontros do Aristides, procuramos co-criar com a rede de praticantes um espaço de troca, de prática e presença. Participar dos chamados promovidos por esses multiplicadores também tem sido uma das maneiras que encontramos de apoiar e nos manter nesse lugar de troca.
Outro ponto de reflexão é o formato e o desafio das pessoas em mergulharem nesse processo de um ano de encontros imersivos de quatro dias, distantes dos centros urbanos. Precisamos avançar na criação de um formato que por um lado desonere o programa, mas ao mesmo tempo facilite a participação e ajude as pessoas a se aproximarem dessa abordagem. Diante do caos instalado por este desgoverno do Brasil e agravado pela pandemia, estamos dedicadas a criar uma nova morfologia para o Profides. O que podemos fazer para levar o programa às pessoas que mesmo isoladas socialmente buscam um espaço para refletirem juntas sobre o que estão vivendo? Que querem ver o fluxo da vida que pulsa nos seus processos e de suas organizações? Que estão determinadas a deixar morrer um fazer social mecanizado para integrar na sua prática diálogos entre técnica e arte; resistência e delicadeza; autenticidade e repetição; método e presença?
Sobre o futuro do programa, tivemos que suspender uma XI Edição que estava para acontecer no Sudeste e os movimentos de uma edição Nordeste. No entanto, criamos o Profides 2020: o fazer essencial, com um formato virtual e que está com suas inscrições abertas. Saiba mais aqui!
No campo da formação de empresas, a gente tem uma visão muito tecnicista, voltada para resultados. Posicionamento de produtos, serviços, marcas, métodos e processos, como organizar e controlar procedimentos, cuidar da qualidade, das vendas, etc. Durante a minha formação, era algo que me deixava bastante desconfortável, porque eu tenho uma pegada mais humanista, gosto de gente.
Além de trazer um novo olhar para a organização e para os fatos a partir do que é objetivo, quantitativo, com capacidade de ser descrito e observável, esse método que o Profides propõe uma visão sobre o que não está sob controle nas organizações, do que é possível, no máximo, se antecipar ao compreender melhor como as coisas chegaram aqui, o que se repete, o que tende a acontecer de novo. Ele traz para mim um todo muito maior e mais complexo, algo que que tem a ver com a minha capacidade, enquanto indivíduo, e não é de técnica, não é de ferramental, é de ter habilidade de fazer essas conexões, essas relações e perceber o que não é tão objetivo a partir do objetivo.
Quando assumi a Área de Desenvolvimento Institucional do Instituto de Cidadania Empresarial, com a realização de algumas edições do Programa Lidera, passamos a perceber que as mudanças na postura e no compromisso da empresa estavam relacionados com a mudança de comportamento da liderança. E a inspiração do Lidera veio do Profides, é esse tipo de mudança que programa provoca na gente.
Baixe aqui o PDF do programa: Profides 2020: O fazer essencial
E, em caso de dúvidas, entre em contato com: contato@institutofonte.org.br
E assista ao vídeo de lançamento para ter um gostinho do que vem pela frente!
Cá estamos. 2020. Vivendo um momento que ninguém poderia prever e que evidencia todas as nossas escolhas – enquanto indivíduos e sociedade. Um momento que nos desafia e carrega um chamado. Cada um de nós tem uma atuação – um fazer, uma prática – no mundo. São essas práticas que fazem o mundo tal qual ele é. Então: qual tem sido nosso fazer? Se compreender o que nossa prática gera no mundo sempre foi importante, nesse momento é essencial. Esse programa é sobre isso.
E é também mais. É comum que nossa prática profissional esteja intimamente vinculada a um modo gerencial de atuar – tendemos a controlar mais que lidar com a complexidade. Em um momento como esse, há um risco ainda maior de nossa prática adormecer nesse controle, tanto pela incerteza que nos ronda, quanto pela distância – inclusive física – que temos do mundo. Esse programa nos convida a acordar – a observar, a refletir, a conversar – e a desenvolver e fortalecer habilidades inspiradas na inteligência da natureza, daquilo que é vivo. Convida a estudar como acontecem as mudanças, do que se trata desenvolvimento. Algo que nos fortalece no hoje e também para o futuro. Nesse sentido, ao mesmo tempo que esta edição nasce do contexto que estamos vivendo, ela não se resume a isso.
UMA EDIÇÃO VIRTUAL
O Profides é um programa inovador, de formação continuada, dedicado a pessoas interessadas em buscar – e também construir colaborativamente – a arte da intervenção social a partir de uma perspectiva mais humana e orgânica. Vem sendo realizado há 16 anos pelo Instituto Fonte e todas suas dez edições foram presenciais, cada uma com cinco módulos imersivos.
Esta edição foi especialmente desenvolvida para o contexto virtual. Acontecerá em três meses, de agosto a outubro, por meio de encontros on-line que somam até cinco (5) horas semanais, via plataforma ZOOM. Conscientes do risco de ficarmos muito tempo em imersão na virtualidade, os momentos virtuais serão de trocas entre participantes e facilitadores, e convidarão as pessoas a atividades não-virtuais – como a escrita e a observação – mesmo durante o tempo de conexão.
É desejável que sejam reservadas pelo menos oito (8) horas semanais para as atividades, incluindo os encontros virtuais e as práticas de observação, estudos, reflexão, composição de textos e outros.
ESTRUTURA
Serão desenvolvidos três (3) ciclos de um mês cada, com atividades individuais, momentos em grupos para aprofundar conteúdos específicos e plenárias de trocas e reflexões coletivas. Cada ciclo tem um eixo principal a ser investigado, experimentado e praticado.
1o ciclo: Compreensão de processos vivos e desenvolvimento
Neste primeiro ciclo, desejamos: acordar e praticar nossa capacidade de prestar atenção por meio da observação ativa, da descrição e conexão com o processo de vir-a-ser daquilo que é vivo; acessar leis do desenvolvimento a partir da própria experiência e; conectar-se com movimentos em processos vivos: no humano, na natureza, nas organizações.
2o ciclo: Como acontecem e como ler processos de mudança
No segundo ciclo, desejamos: possibilitar intimidade com o que muda em si próprio e ao seu redor, aprofundando a reflexão de como a mudança acontece; perceber movimentos e ritmos em si e fora de si, nas organizações e na sociedade e; prestar atenção e criar capacidades de ver as forças presentes nos processos de mudança e desenvolvimento: tensões, resistências, impulsionamentos e polaridades, entre outros
3o ciclo: Observação e auto-observação como prática
No terceiro ciclo, desejamos: compreender e praticar a habilidade de observação e leitura de processos, dessa vez, incluindo nossa própria atuação como um fenômeno a ser observado e; exercitar a auto-observação e os espaços reflexivos, individuais e de grupo, como uma maneira consciente de estar no mundo.
A PRÁTICA SOCIAL REFLEXIVA
A prática social reflexiva é uma abordagem de compreensão da transformação social inspirada pelo pensamento científico de Goethe, que se baseia na inteligência dos organismos vivos.
Goethe olhava tudo como verbo – ou seja, como atividade – e em constante transformação: do girino ao sapo, do feto ao corpo humano plenamente desenvolvido, da semente à árvore. Percebia a vida sempre em interconexão e constante metamorfose.
Essa habilidade de se relacionar com os fenômenos como ‘coisa’ viva, transborda da prática profissional para nossa vida, tornando-se uma prática que não se esgota na ferramenta, no instrumento, na técnica; mas que atua em todo nosso comportamento.
Allan Kaplan e Sue Davidoff, da Proteus Initiative (África do Sul), são precursores da Pratica Social Reflexiva no mundo. Em 2002, o Instituto Fonte foi pioneiro em trazer essa abordagem para o Brasil e o Profides tem sido um programa no qual esta abordagem é levada a diferentes regiões do país.
Esta forma de entender o mundo está no centro do Profides, como abordagem metodológica e como um convite a um ‘estilo de viVER a vida’ que lembra de tomar todos os campos sociais como fenômenos singulares, vivos, orgânicos e também em constante transformação.
RELAÇÃO FINANCEIRA
A pergunta que “deveria” estar respondida nesta sessão é: quanto esse programa custa para cada participante? No entanto escolhemos nos fazer outra pergunta: como construir a sustentação financeira deste programa, considerando as diferenças econômicas e sociais de cada participante?
Gostaríamos de construir uma relação distinta à lógica cliente-fornecedor. Nela, o dinheiro não deve ser um impeditivo à participação. Ao mesmo tempo, estamos oferecendo um programa facilitado por pessoas que dedicam sua vida a essa prática e que precisam se sustentar financeiramente.
Dessa forma, o Profides 2020 não tem um preço determinado pela organização para o participante. Acreditamos que a sustentação desse espaço é uma responsabilidade compartilhada. Nosso convite é para que cada pessoa possa exercer autorresponsabilidade e autonomia para definir, com nosso apoio e informações, o valor que deseja contribuir financeiramente. Enfim, para nos relacionarmos com as finanças a partir da lógica da ecologia social em que os recursos e necessidades são diferentes entre os indivíduos de um grupo.
Para isso, é importante compartilhar algumas informações sobre a estrutura desta edição. Foram estimadas 306 horas de trabalho dedicadas para a coordenação, facilitação e gestão do programa. Somados aos custos com infraestrutura e comunicação temos a meta mínimo de R$21.000,00 para que esse programa seja sustentável financeiramente. Esse valor representa o total, considerando os 3 meses de programa, que deve ser arrecadados pela turma (aproximadamente 16 participantes).
CRONOGRAMA
Inscrições: de 14 de Julho de 2020 a 02 de agosto
Início: 10 de agosto
Ciclo 1: de 10 de agosto a 04 de setembro
Ciclo 2: de 07 de setembro a 02 de outubro
Ciclo 3: de 05 de outubro a 30 de outubro
FACILITAÇÃO E REALIZAÇÃO
Para o Instituto Fonte, facilitar é abrir espaço para aquilo que está incipiente, incrustado ou reprimido desabroche, apareça e ganhe voz. Cuidamos dos detalhes de uma conversa ou reunião, procuramos fazer uma escuta ampliada e desenvolver um profundo processo de observação. Por fim, entendemos que toda facilitação também é uma forma de constante aprendizagem mútua.
O Profides 2020, nesta versão virtual, é uma experiência pioneira e que pede um processo cuidadoso em sua realização. Considerando os limites desse formato, reunimos facilitadores profissionais com experiência e trajetória significativa no campo da fenomenologia.
ANA BIGLIONE
Fundadora da Noetá, Ana atua com transformação social e desenvolvimento de pessoas e organizações pela Noetá e em parceria com outras iniciativas, principalmente no Brasil, Argentina e África do Sul. Formada em administração pela FGV-SP, desenvolve sua atuação a partir da Prática Social Reflexiva, que estuda e ensina há mais de 10 anos, tendo facilitado processos como o Profides, Programa Artistas do Invisível e Ativismo Delicado. Em sua trajetória se envolveu com a concepção do Instituto Hedging-Griffo, do qual foi conselheira, e atuou em organizações como IDIS, apoiando empresas no seu investimento social no Brasil e na Argentina; FICAS, em processos formativos no Brasil e em Moçambique; e Instituto Geração, organização para jovens-adultos da elite, engajados na transformação social, que co-empreendeu e foi diretora executiva. Participou do conselho de diversas iniciativas sociais e, com sua irmã, co-fundou a Associação Cultural Cuadra Flamenca.
FLORA LOVATO
Consultora e facilitadora de processos associada ao Instituto Fonte desde 1999. Foi gerente geral da Fundação Iochpe por seis anos e há 20 anos vem trabalhando em processos de desenvolvimento – desenvolvimento organizacional, planejamento estratégico, aprendizagem e avaliação de programas e projetos – junto a diferentes iniciativas sociais a partir da prática social reflexiva. Atua como facilitadora nos programas de formação desenvolvidos pelo Instituto Fonte e, como consultora convidada da The Proteus Initiativa, co-facilitou a Pós-Graduação em Prática Social Reflexiva. É fellow da Fundação Kellogg, do BoardSource, onde realizou formação voltada ao desenvolvimento de Conselhos e Governança Institucional, e do Community Development Resource Association, organização junto à qual cursou o Fellowship Programme, programa avançado com foco em intervenção social. É graduada em Comunicação Social pelo Instituto Metodista de Ensino Superior e especialista em Docência no Ensino Superior pela Universidade Dom Bosco.
JULIANA DA PAZ (MONITORIA)
Juliana é consultora e facilitadora de processos. Atua como professora universitária e no campo das organizações da sociedade civil facilita processos de desenvolvimento de grupos e indivíduos. É formada em Administração de Empresas pela Universidade de Pernambuco e pós-graduada em Gestao de Organizações sem Fina Lucrativos, pela Universidade Mackenzie, e mestre em Administração com foco em processos de aprendizagem, pela Universidade Federal de Pernambuco. Em sua trajetória profissional atuou, desde 2002, nas áreas financeiras e de desenvolvimento institucional de diversas OSC, com foco em planejamento estratégico, processos de mudança e reestruturação organizacional, captação de recursos, elaboração e gestão de projetos. Desde 2009 também atua como professora em cursos de graduação e pós graduação. Preside voluntariamente a Associação Pró Adoção e Convivência Familiar e Comunitária.
SARITTA FALCÃO BRITTO
Consultora e facilitadora de processos associada do Instituto Fonte, Saritta atua na aprendizagem e desenvolvimento de pessoas e organizações junto a diferentes iniciativas sociais. É formada em Administração de Empresas pela Faculdade Estadual de Pernambuco e pós-graduada em “Reflective Social Practice”, pela Alanus University, em Bonn, Alemanha. Em sua trajetória foi superintendente do Instituto Ação Empresarial pela Cidadania, criado pelo Programa LIP – Leadership of Philantropy (Fundação W.K Kellogg); co- fundadora do Grupo Recife de Aprendizagem (Gra), organizador da pós-graduação em Prática Social Reflexiva no Brasil; e co-facilitadora da 8a edição do PROFIDES e do módulo Fenomenologia Goetheana, da Formação em Pedagogia Waldorf – NE. Participa voluntariamente do conselho deliberativo da Fundação Mamíferos Aquáticos e do grupo gestor do Jardim Aroeira.
THIAGO SALDANHA
Profidiano de 2019. É consultor em desenvolvimento de cultura de diálogo em grupos e organizações, facilitador em habilidade socioemocionais de comunicação e mediador de conflitos. Sócio-Fundador da Reúna, há 5 anos se dedica à prática da Comunicação Não-Violenta e aos estudos da Não-Violência. Tem mais de 10 anos de experiência, atuando como produtor e gestor cultural, dos quais sete dedicados ao desenvolvimento e implementação de estratégias de investimento social voluntário para empresas do setor de mineração e óleo e gás. É designer de sustentabilidade pelo Gaia Education, certificado em Ciências Holísticas e Economia para a Transição pela Schumacher College Brasil. Possui formação em Sociocracia com os fundadores da Sociocracy 3.0 e especializações em facilitação pelo centro de Comunicação Não-Violenta, BayNVC (California): The Art of Facilitation e Convergent Facilitation. É bacharel em Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense, tendo cursado Gestão Cultural na Universidade Lusófona em Lisboa.
TIÃO GUERRA
Pedagogo dedicado ao desenvolvimento do ser humano enquanto indivíduo e em grupos. Desde 1979, Tião trabalha com instituições, movimentos sociais, empresas e governos. Atuou como educador formal em escolas públicas, entre 1980 e 2017. Fundou o Instituto de Educação de Nova Friburgo, em 1985, e foi o diretor da escola de aplicação do mesmo. Fundou a Associação Crianças do Vale de Luz, em 1988, e, dentro dela, duas escolas públicas, com metodologias ativas. A partir daí, em 1996, Tião começou a atuar como consultor de processos de desenvolvimento social. Realizou estágios na área educacional na França, Suíça e África do Sul. Tem prestado serviços de avaliação, planejamento, produção de conhecimento, desenho de gestão, entre outros, para organizações como UNICEF/RJ; BMZ (Ministério Social Alemão); Fundação Nelson Mandela (África do Sul); Instituto Alana; Instituto OI Futuro; British Council; Fundação Vale; SESC – Departamento Nacional; Cícero Papelaria. É graduado em Pedagogia, com especializações em Pedagogia Waldorf e Pedagogia Social. É músico, leitor e escritor, e pratica e acredita no contato consigo mesmo, com a natureza, com a Arte e com o Outro como instrumento de trabalho e de desenvolvimento pessoal e social.
Baixe aqui o PDF do programa: Profides 2020: O fazer essencial
E, em caso de dúvidas, entre em contato com: contato@institutofonte.org.br
E assista ao vídeo de lançamento para ter um gostinho do que vem pela frente!
Queridas companheiras e companheiros,
nós da equipe de coordenação do Instituto Fonte e do Programa Desenvolvimento como Profissão – PROFIDES, considerando os motivos e as consequências da Pandemia pela qual estamos passando, sofrendo e aprendendo, entendemos que postergar o início dos encontros físicos da XI edição é uma necessidade que se impõe.
Assim sendo, fica suspenso o início dos encontros presenciais do programa até uma data adequada, a ser decidida à medida em que a situação do isolamento social se mova.
O Profides tem como cerne de sua estratégia a imersão e encontro presencial. No momento, formamos um grupo com pessoas que conhecem a história, propósito e metodologia do programa e estamos avaliando caminhos e formatos possíveis para lançamos um espaço de aprendizagem virtual. Sobre isso, comunicaremos oportunamente.
Caso tenha interesse em participar de atividades virtualmente, ou queira tirar dúvidas, entre em contato com:
Thiago Saldanha
e-maill: thiago@reuna.cc
Tel: (21) 98189 9799 (whatsapp)
Celebramos e agradecemos o seu interesse e vamos nos manter em contato!
As inscrições para esta edição Profides XI estão fechadas!
O Instituto Fonte, com o apoio da Canella & Guerra, da Reúna e do Urucum Sítio Vale de Luz, está lançando a 11ª Edição do Profides: Desenvolvimento como Profissão, que vai ocorrer entre as cidades do Rio de Janeiro e Nova Friburgo, de abril a novembro de 2020.
O Profides é um espaço para aprofundar a compreensão sobre nossa forma de atuar enquanto profissionais e indivíduos, assim como para qualificar nossas habilidades de observar e intervir em processos sociais, seja de dentro de uma organização da sociedade civil, um órgão público, uma empresa, um projeto social, um coletivo, ou outras formas de atuar com desenvolvimento.
Lembramos que, para a Edição XI, o programa segue dividido em cinco módulos, que têm as seguintes questões inspiradoras e que ocorrerão nas seguintes datas:
E, em caso de dúvidas, entre em contato com:
Thiago Saldanha
e-maill: thiago@reuna.cc
Tel: (21) 98189 9799 (whatsapp)
As dinâmicas que realizamos me passaram a sensação de que o Profides é um grande e costurado conjunto de exercícios para a inteligência emocional e para nosso lado racional. Revisitamos questões de lógica e de foco narrativo e exercitamos a observação participante, mas de uma nova maneira, para mim: com o olhar descentralizado para as múltiplas esferas do que vai se desenvolvendo, tudo simultaneamente. Pareceu desafiador e foi encantador ao mesmo tempo”. Cristina Uchoa
A leitura dos aspectos invisíveis implica em “ver” relações internas do fenômeno e dele com seu mundo exterior.
Procurar olhar para as habilidades da observação, da imaginação e da leitura dos processos, percebendo alguns desses locais, além de suas influências, foi a provocação feita durante a atividade O experimento como mestre: mediando a relação objeto e sujeito, um momento de pessoas interessadas conhecerem de forma mais profunda a proposta do Profides: Profissão desenvolvimento.
A oficina aconteceu na primeira quinzena de fevereiro, na sede do Ficas, e contou com a facilitação de Tião Guerra e Flora Lovato, consultores responsáveis pelo Profides X. Para eles, o central neste dia foi considerar que uma situação pode ter pontos de vistas diferentes e as abordagens diferenciadas conduzem seu tratamento para um lugar também peculiar e, consequentemente, para desfechos igualmente distintos.
“E como procuramos desenvolver essa percepção? Fizemos um exercício em que a gente trabalhou, comentou e leu uma situação sobre três pontos de vistas: um de senso comum, que equivaleria a uma conversa de elevador; outro de um especialista que quer resolver aquela situação e que dava conselhos; e um final, o ponto de vista de quem quer ajudar a pessoa que está envolvida naquela situação a criar uma compreensão sobre aquilo que ela está vivendo”, explicou Tião Guerra.
A percepção: dependendo de qual dos três caminhos é escolhido, o que ocorre dentro de cada pessoa envolvida no tratamento daquele caso é diferente, como também é diferente o resultado final da própria situação. Essa distinção é importante, pois não valora nenhum dos procedimentos – tipo esse ou aquele é melhor ou mais adequado – , mas é um convite pra que as pessoas prestem atenção sobre qual o ponto de vista tem tratado diferentes situações na própria vida ou no trabalho.
Para o consultor Tião Guerra, “esse prestar atenção em como você trata de uma forma superficial e rápida, ou de uma forma buscando soluções custe o que custar, ou de uma forma a gerar uma maior compreensão para o que está acontecendo, é fundamental, pois falará sobre sua abordagem e forma de ler as situações”.
Essa vivência, que mostrou um pouco do grande potencial do Profides, foi uma amostra da capacidade de experimentarmos, observarmos, refletirmos e avançarmos em grupo, com o outro e também individualmente. O momento atual pede uma prática mais consciente que promova maior capacidade de diálogo, articulação e transformação”. Roberta Rossi
Geometria projetiva: O outro exercício do dia consistiu em trabalhar esse mesmo conceito sobre a perspectiva da geometria projetiva na criação de um círculo. “Num primeiro momento, criamos um círculo à mão livre. Em um segundo, com raios equidistantes de um centro, e depois, em um terceiro momento, sem os raios e apenas com tangentes de raios imaginários. O movimento do círculo que aparece do centro para a periferia e da periferia para o centro é um tratamento metafórico, uma outra linguagem da mesma atividade da manhã”, acrescentou Flora.
Ou seja, como é que a gente trata um círculo, fazendo com que ele apareça a qualquer custo, ou fazendo com que ele emerja da aproximação de diferentes elementos vindo de uma periferia distante ou de pouca consciência pra proximidade de maior consciência, de maior compreensão, fazendo com que o círculo emerja”. Flora Lovato
Sobre o Profides: As inscrições seguem abertas! O início da décima turma acontece em Abril de 2019 e é possível acessar todas as explicações em: http://new.institutofonte.org.br/profides2019/
O Fonte pra mim sempre foi uma referência. Não é de hoje que eu conheço o Profides. Já tinha ouvido falar e dessa vez eu decidi que gostaria de participar por que nos últimos dez anos, com as minhas filhas, a base antroposófica foi muito presente na minha vida. Eu resolvi fazer a formação de professores Waldorf e acredito que participar nesse momento seja o ideal. O Esquenta foi super bacana, pois deu uma pincelada sobre o que vai ser esse desenvolvimento, e que pra mim traz essa consciência de que a gente se desenvolve a partir dos relacionamentos, a partir dos diálogos, a partir do olhar pra mim e o olhar para o outro. Eu já tinha feito os exercícios com figuras geométricas dentro do currículo de geometria, e esse olhar da circunferência, sobre o que vem de fora e do ponto que vai pra fora, e confronta meu olhar para outras situações, se sou passiva, ativa, como me comporto dentro dos relacionamentos, dentro do mundo, enfim… mexeu comigo. Acho que vai ser gratificante e importante desenvolver esse olhar pra mim mesma e como eu me comporto no mundo, seja o profissional, ou o de casa”. Adriana da Glória