Petrópolis recebe recursos para iniciativas comunitárias em prevenção
Cooperação internacional fomenta a realização de microprojetos comunitários e escolares para Redução de Risco de Desastres no município
Escolas da rede municipal de ensino e Núcleos Comunitários de Defesa Civil – Nudecs de dez territórios de Petrópolis estão recebendo investimentos no valor de € 20 mil (euros), que correspondem a aproximadamente R$ 75 mil reais, para a execução de microprojetos concebidos, planejados e executados localmente, que vão contribuir para a redução de risco de desastres nas comunidades envolvidas.
A ação é parte do Fortalecendo a Resiliência, um projeto realizado com o apoio do Instituto C&A, coordenado pela ONG internacional Save the Children, implementado, no Brasil, pelo Instituto Fonte, tendo como parceiros estratégicos a Prefeitura Municipal de Petrópolis, através das Secretarias de Defesa Civil e de Educação, e a Escola de Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro – ESDEC. O projeto acontece desde outubro de 2016 no município e tem o objetivo de estimular redes comunitárias de gestão de risco de desastres (GRD), com capacitação e integração entre comunidades escolares e Nudecs, na Posse, Pedro do Rio, Araras, Estrada da Saudade, Bingen, Morin, Alto Independência, Itaipava/Vale do Cuiabá, Corrêas/Nogueira e Centro (24 de Maio). Fortalecendo a Resiliência faz parte também de uma pesquisa mundial que engloba cinco países: China, Índia, Bangladesh, México e Brasil, sendo que no Brasil, o projeto ocorre apenas em Petrópolis.
“Este projeto cumpre a missão de contribuir com a educação para o risco e com o despertar comunitário e escolar para o autocuidado, para a prevenção e a preparação destas pessoas para reduzir os riscos de desastres onde vivem. Atualmente, há cerca de 500 pessoas, entre crianças, jovens e adultos, envolvidas diretamente neste projeto nos dez territórios de Petrópolis em que ele acontece. Todas essas pessoas, de maneira colaborativa, mapearam riscos das suas comunidades ou escolas, construíram planos de ação para mitigar os riscos identificados e, na etapa atual, estão desenvolvendo microprojetos, em que põem em prática os aprendizados adquiridos, concebendo do zero, coletivamente, algo real, que dialoga com a prevenção e a redução de risco em seus territórios”, explica Tião Guerra, coordenador do projeto.
Na 24 de Maio, por exemplo, jovens do Comitê de Segurança Escolar da Escola Municipal Clemente Fernandes e membros do Nudec estão atuando em conjunto na construção de seus microprojetos, que são, respectivamente, mapear a comunidade por drone e conscientizar os moradores sobre o descarte correto do lixo. Ulric Ferreira Damazio, 13 anos, é morador do bairro e faz parte do Comitê de Segurança Escolar. Ele conta que o grupo escolheu este projeto para conhecer a comunidade por outros ângulos, trazendo detalhes que eles não conseguem enxergar, principalmente áreas de risco. “Entramos num consenso, porque todos queríamos ver a comunidade de cima. Queríamos enxergar coisas, visualizar riscos que a gente não vê da rua, como locais de descarte de lixo, alguns em encostas, que deslizam quando vêm as chuvas, e casas construídas em locais inadequados. Também estamos procurando um local para reivindicarmos a construção um parquinho ou algo assim, porque não temos aqui na 20”, conclui Ulric, animado com as atividades. Já o Nudec vai trabalhar a conscientização comunitária sobre o lixo, porque avaliam que este é um dos maiores problemas da comunidade. “Agora em novembro faremos um dia “D” de mobilização comunitária junto com o Comitê da escola, passando nas casas para ajudar a separar e recolher o lixo reciclável, que, ao final, será levado pela Comdep. Muitos moradores jogam o lixo em qualquer lugar, fora das caçambas, fora do dia de coleta, deixam na entrada das servidões, e até queimam esse lixo. Quando chove o lixo desce, entope bueiros, fazem encostas deslizarem, além de trazerem ratos e outros insetos. É uma forma de trazermos este assunto, educar e conscientizar”, explica Milena da Costa Santos, moradora e membro do Nudec.
Em novembro, serão realizados simulados em todas as escolas participantes do projeto, sendo que os próprios jovens e membros dos Nudecs conduzirão a simulação de emergência. “Todos os Comitês são divididos em cinco brigadas, tendo cada uma delas um papel a desempenhar em uma situação de emergência na escola. Desde o início do projeto, trabalhamos o desenvolvimento de conhecimentos, atitudes e práticas colaborativas para estas situações. O simulado é o dia de porem em prática o que aprenderam, cada qual sendo responsável por uma micromissão que coletivamente lhe foi conferida”, conta Rodrigo D’Almeida, coordenador de campo do projeto nas escolas. Para Roberta Dutra, coordenadora de campo do projeto nos Nudecs, este é um momento especial. Os simulados integrarão escolas e Nudecs, que trabalharão juntos a capacidade local para preparação e prevenção. Isso é fundamental na redução de risco de desastres”, conclui.
No dia 29 de novembro, finalizando as atividades, o Projeto promoverá o Seminário Fortalecendo a Resiliência: o manual vivo, um encontro regional sobre Gestão de Risco de Desastres.
*Na foto, membros do Comitê de Segurança Escolar da E.M. Clemente Fernandes ou/ Jovens do projeto Fortalecendo a Resiliência da 24 de Maio trabalham no mapeamento comunitário por drone para reduzir riscos de desastres.