Ela é de palavras suficientes. Nem muitas, nem poucas. Suficientes. Também não é fácil cultivar seu sorriso. Ele tem um tempo para surgir, vem aos poucos e pode ser permanentemente controlado com certa facilidade. Sua docilidade não aparece de imediato, mas surge em pequenos gestos de cuidado com o próximo: uma lembrança, um chocolate, um mimo delicado.
Seu nome fala sobre sua essência, Flora, que há 20 anos floresce e faz florescer, junto a uma enorme rede de profissionais do desenvolvimento, o Instituto Fonte para o Desenvolvimento Social. Nesse dia 17 de maio, data em que essa fonte completa, oficialmente, 20 primaveras, comemoramos com uma logomarca especial e relembrando/projetando a história dessa organização, a partir da voz de quem esteve presente durante todo esse período.
Flora Lovato contou sobre o passado e realizações. Mas também tratou de perspectivas para o futuro organizacional, em um momento ainda difícil para projeções futuras no campo social.
De especial para esse momento, Flora carrega sua voz em sintonia com as de outras quatro mulheres comprometidas com a missão do Instituto Fonte, sua renovação e seu olhar profundo para a prática social reflexiva como proposta de intervenção e aprendizagem.
Vinte anos de parceria entre Flora e Fonte. Vinte anos de Fonte contados por Flora. Vinte anos de Flora contados pelo Fonte.
De onde chego…
Eu chego no Instituto Fonte no fim dos anos 90. O contexto externo era muito propício à inserção das empresas, das iniciativas privadas e fundações no setor social. Havia uma necessidade em aprender a dialogar com as organizações sociais e era comum a indagação, pelo mundo corporativo, sobre a capacidade de gestão das organizações.
A entrada das empresas no setor social traz recursos e vem também atrelada à capacitação das ONGs em sua gestão, e esse foi meu viés profissional naquele momento. Eu trabalhava para que as organizações aprimorassem a sua gestão.
Logo depois, quando o Instituto Fonte se funde com o Instituto Christophorus, tenho contato com uma nova visão de mundo, que olha para as trajetórias das organizações e aponta como maior desafio para elas a compreensão em torno de seu próprio caminho, para que o próximo passo desta trajetória seja dado com assertividade, com correção, com primor. Eu saio de um lugar onde a gestão era o centro e vou para outro no qual a gestão transforma-se em mais uma ferramenta para o desenvolvimento. A partir daí, faço vários cursos e formações para me apropriar desse novo jeito de olhar o mundo e compreender as organizações. E a transformação que eu percebia em mim, assim como nas organizações com as quais eu trabalhava, era muito maior do que aquele que percebia ao trabalhar apenas a partir da qualificação de sua gestão.
20 anos praticando o desenvolvimento de organizações
Nesses 20 anos, o Instituto Fonte realizou muito em consultorias, desenvolveu programas de formação e foi uma organização bem inovadora na abordagem que adotou para seus diferentes campos de atuação.
O Profides: profissão desenvolvimento, que está entrando em sua décima edição, inspirou vários participantes a criarem também iniciativas a partir desse olhar social de desenvolvimento, sobre as organizações e o contexto social.
Preparando atividade do Profides 3, em 2008
Acho que devo falar do GRA – Grupo Recife de Aprendizagem como um grupo do Nordeste e que carrega a identidade do Profides, com integrantes das edições II, IV e VIII, e que hoje é um coletivo muito sólido capaz inclusive de organizar uma Pós-Graduação sobre a prática social reflexiva, a primeira no Brasil. É um grupo que se forma como desdobramento de um programa do Fonte, de uma prática do Fonte e que permanece unido para praticar, no Nordeste. E é importante diferenciar essa natureza de identidade, do qual emerge também um Fonte no mundo que acontece a partir desses coletivos que surgem livremente. Um Fonte que se viu multiplicado em diversas outras iniciativas.
Então, acho que o Profides e o Artistas do Invisível são programas muito inovadores, que vão servir de semente ou inspiração para outras iniciativas como o Instituto Geração, o Programa Lidera, da Ação Empresarial para a Cidadania, e vários outros projetos.
O Artistas do Invisível consolida um grupo de pessoas aqui no Brasil que vem sendo o que hoje a gente chama de profissional da prática social reflexiva, que cria uma dinâmica, com disciplina e rigor, voltada para seu próprio desenvolvimento como processo para que o mundo e as organizações também possam se transformar. Vale lembrar que a Noetá foi um parceiro importante no desenvolvimento de novas turmas do Artistas e em outras atividades, como na oficina do Ativismo Delicado.
Para ajudar organizações a ajudarem o mundo a mudar, o próprio praticante tem que contribuir com seu próprio desenvolvimento.
Consultorias: prática, aprendizagem e desenvolvimento
Outro ponto muito inovador e inspirador veio das consultorias, realizadas por esse corpo muito sólido de consultores para os mais diversos tipos de organizações, empresas, a ponto de precisarmos expandir o grupo inicial. Em um determinado momento, ganhamos força e presença no campo social e ficou difícil cuidar do tamanho que o Fonte adquiriu e acabamos perdendo vitalidade institucional dentro daquele formato de atuação.
Facilitando reunião de planejamento na Liga Solidaria
Hoje, o grupo de pessoas que está no Fonte são cinco mulheres que têm em comum o fato de terem participado de um programa de pós-graduação dentro da prática social reflexiva e possuem o desejo de continuar fazendo uma diferença significativa no mundo por meio do Fonte.
O Fonte, como organização, precisa ser um esteio. Precisa praticar dentro de si o que ele faz para fora. O que a gente prega para os nossos clientes e para os nossos parceiros também deve viver dentro do Instituto Fonte, como organização.
As publicações sempre tiveram relevância na trajetória do Instituto Fonte. O primeiro grande marco é a Coleção Gestão e Sustentabilidade, um conjunto de livros que fez diferença em um momento em que havia pouca publicação voltada para organizações da sociedade civil ou que tratasse desse tema de forma específica para as ONGs. Alguns livros dessa coleção foram reeditados três vezes. Vários ainda continuam sendo usados como referência, seja no trabalho, seja em pesquisa. O ICE – Instituto de Cidadania Empresarial – que também comemora 20 anos em 2019, foi a organização que acreditou nesse trabalho e apoiou financeiramente sua realização.
O ICE também apoiou o Projeto Gestão, que realizamos na mesma época, com 25 instituições que viveram significativos processos de desenvolvimento, envolvendo desde sua governança até sua comunicação, mobilização de recursos e gestão financeira. O apoio do ICE nessa fase inicial foi crucial para o fortalecimento das ONGs e para a construção do vínculo entre elas e a iniciativa privada que começava a dar passos mais consistentes no campo social. Nossa crença nessa época, e que continua até hoje, é a de que com as publicações podemos alcançar pessoas e grupos que, de outra forma, não teriam acesso a esse conhecimento.
No caminho da construção de processos a partir da “prática social reflexiva”, houve uma parceria que marcou toda nossa história e que começa ainda com o Cristophorus. Nesses 20 anos, construímos muitos diálogos com Allan Kaplan e o Proteus (organização criada e gerida por Allan e Sue Davidoff na África do Sul). A primeira coisa que ele faz conosco é nos ajudar a cuidar do Fonte.
Uma outra coisa foi a inspiração e o apoio que ele nos deu no desenho do Profides, e do Artistas do Invisível, este último a pedido de Marina Magalhães, que era nossa colega de Fonte na época. Com esses programas nossa relação se fortalece e ele se aproxima de outros outros atores aqui no Brasil. Claro que ele caminha com as próprias pernas, mas a gente, de certa forma, vai abrindo canais para outras organizações, outras pessoas dialogarem com Allan e sua teoria.
Esta é uma reunião de planejamento, em 2004, conduzida por Allan
Essa parceria foi crescendo e hoje três grupos de pessoas concluíram o Artistas. Realizamos várias oficinas em diferentes cidades do país e inclusive a série Delicado Ativismo em que Ana Biglione, da Noetá, foi parceira. E mais recentemente realizamos um programa de pós-graduação no Recife a partir da iniciativa do GRA – Grupo Recife de Aprendizagem, certificado pela Alanus University. As parcerias com o GRA e com a Noetá ainda frutificam e com elas vamos criar outras propostas bem sólidas para o futuro.
Avalio que juntas, essas organizações (Proteus, Fonte, GRA e Noetá) estão batalhando muito para que no Brasil se tenha um corpo de profissionais, praticantes sociais reflexivos, além de estarem ajudando esse corpo a se reconhecer e a se fortalecer.
O Fonte e o agora…
Allan contribuiu muito com toda nossa trajetória e achamos importante contar novamente com ele em 2018. Ele nos fez duas perguntas cruciais: se o Fonte ainda poderia fazer sentido para o mundo e, em fazendo, se haveria um grupo dentre nós que aceitaria colocar energia e empenho em renová-lo.
Entendemos que se a organização fosse continuar ela só valeria continuar se ela fizesse sentido para o mundo, se a gente de fato visse que iríamos fazer algum tipo de diferencial para as organizações e para o campo social. Tudo que a gente quer estar falando pra fora era algo que precisava renascer, uma fogueira que precisaria ser reacendida dentro do próprio Fonte. Teve um trabalho conjunto, como Fonte, de aprendizagem e ter a disciplina em torno dessa prática como central. Tanto no trabalho que a gente faz no mundo, como no trabalho que a gente faz pra dentro do próprio Fonte. Isso significa, primeiro, assim como dizemos pro nosso cliente, vamos observar a sua organização, o que está acontecendo, quais são os fatos, quais são os padrões seguidos ou criados, era necessário que a gente também olhasse pra esses aspectos dentro do Fonte: quais são os sinais da nossa prática? Como podemos cuidar do que parece que está se estagnando? Onde parece que tem vida e como a gente pode cuidar da vida?
Encontro de planejamento do Fonte, em setembro de 2018 na Serrinha após decisão das cinco mulheres.
As cinco mulheres que compõem o Instituto Fonte acreditaram e acreditam nisso. Além de terem participado conjuntamente da Pós-Graduação em Prática Social Reflexiva, partilham a crença de que organizações como o Instituto Fonte foram e continuam sendo relevantes no contexto social, particularmente hoje. Por isso, decidiram renovar a organização, mantendo inclusive alguns de seus programas. O Profides iniciou agora sua décima turma. Em breve, o conhecimento construído em torno dessa prática ao longo destes 20 anos também será disponibilizado com nossa escrita. Será uma publicação autoral, sobre nossas reflexões e aprendizagens e sobre esse jeito de atuar no mundo a partir de nossa própria experiência.
O mundo do Fonte e o mundo
Aqui no Brasil estamos vivendo um momento muito singular. Eu acho que em raros momentos vi tanto acirramento de forças acontecendo, tão baixa capacidade de diálogo, e vi tão pouca capacidade de as pessoas compreenderem o sentido do que elas mesmas estão fazendo e do que está emergindo no país, para o significado deste momento, principalmente em termos de políticas públicas: o que significa um programa como o Escola sem partido, o que significa acabar com o SUS entre tantas outras possíveis perguntas que poderia lançar. Enfim, acho que estamos com pouca capacidade de compreensão e de leitura sobre o sentido de nossas escolhas. E cada vez menos com capacidade de conversar, de dialogar, de ouvir, de se ouvir, de se compreender, e também de compreender o outro. Acho que nesse momento tem muita incompreensão.
Esse contexto mais amplo me diz que organizações como o Fonte, que ajudam outras a construir sentido sobre o que vem fazendo, a refletir e assumir consequências pelas escolhas que vem assumindo, de como seu jeito de pensar afeta e produz coisas no mundo, ainda são necessárias. Sinto que o mundo está dizendo que quem contribui para a criação de sentido e significado tem espaço para atuar no mundo.
Acho que também está sendo dito pelo mundo, pelas organizações, que esse não é o momento de atuação isolada. Não é o momento de se fazer coisas sozinhos, é o momento de se fortalecer nesse espírito de “ninguém solta a mão de ninguém”. A gente quer muito fazer junto a outras pessoas e com outras organizações… e uma dessas, por exemplo, é o Ficas, com quem estamos compartilhando sua casa e com quem estamos desenhando projetos novos. Queremos fazer junto com outras organizações, como Noetá e o GRA, com quem já trabalhamos, mas também com novas. Eu acho que a gente precisa fazer junto para criar o novo, o futuro que imaginamos e queremos.
Para comemorar os 20 anos, o Fonte planejou uma série de entrevistas mensais sobre temas e ações importantes no contexto do desenvolvimento social de organizações e profissionais.
Cada rede social institucional vai contar com diferentes formas de publicações, que nos ajudarão a contar essa história para parceiras/os, amigas/os e outras pessoas interessadas na trajetória do Instituto Fonte.
Venha com a gente. Gostaria de escrever, lembrar, contar alguma história vivida conosco, enviar fotos de formações, escreva e mande para contato@institutofonte.org.br.
Facilitando reunião de planejamento na Liga Solidaria
Facilitando encontro de avaliação do Programa Proniño da Fundação Telefônica, na Espanha
Profides 3, com Alexandre Randi, no Centro Paulus, em dezembro de 2003
Reunião de planejamento, em 2004, conduzida por Allan.
Reunião de planejamento, em 2004.
No Profides 4, em 2010..
Facilitando a observação de plantas no Profides 4, em 2010.
Preparando atividade do Profides 3, em 2008.
Em aula de geometria projetiva conduzida por Allan Kaplan com meus colegas do Fellowship do CDRA, em 2005.
Numa reunião de planejamento do Fonte, em 2004
Preparação para contar história no Profides 6, em 2012.
Numa festa de confraternização do Instituto Fonte.
No Profides 10, em 2019.
No Profides 10, em 2019.
Encontro de aprendizagem da equipe do projeto Escola da Juventude, 2017.
Equipe do Artistas do Invisível em reunião durante um dos módulos, 2017
Facilitação de encontro de avaliação do programa São Paulo pela Primeiríssima Infância, realizado pela Fundação Maria Cecília de Souto Vidigal – encontro realizado em Votuporanga, em 2017
Encontro de planejamento do Fonte, em setembro de 2018 na Serrinha após decisão das cinco mulheres.
Encontro da equipe de facilitação do Programa Blend, realizado pela Fundação Otacílio Coser, em 2018
Aristides no Centro Paulus, em 2016
Congresso do GIFE, em 2016
Workshop da Pós Graduação em Prática Social Reflexiva realizado no Centro Luiz Freire em Olinda, 2017
Durante quatro dias, um grupo de pessoas reunidas, profissionais das mais diversas áreas, em torno de um objetivo: ampliar sua capacidade de olhar, sentir, vivenciar organismos vivos e seus processos de desenvolvimento, e aprender com eles.
O primeiro módulo do Profides X aconteceu de 10 a 13 de abril, no Sítio das Fontes, em Jaguariúna. Envoltas por muita natureza e vida, estas são as primeiras impressões e registros fotográficos, uma imagem comunitária de um “coletivo” que se inicia.
Até o final de 2019, teremos mais quatro módulos e muitas trocas, leituras e reflexões entre eles. Você que fazer parte? Ainda há tempo… saiba mais sobre o Profides em: http://new.institutofonte.org.br/profides2019/
Diariar*
Sobre mãos e palavras…
Há algum tempo tenho tentado entender melhor meu trabalho com as mãos.
Quando me classifico/intitulo “jornalista”, me sinto uma montadora de móveis. Sabe o guarda-roupas pronto que você compra na loja e precisa montar? Uma montadora de móveis. Uma função que ocupo naquele momento! Monto palavras para contar histórias encomendadas.
Mas é como se, ao chegar em casa, eu pudesse criar meus móveis. E me transfiro, de montadora de móveis, a marceneira. Ou artesã. E me sinto como uma “marceneira das palavras”, uma “artesã das palavras”.
Não preciso ser uma ou outra, nem valorar uma ou outra. Posso ser e fazer as duas. Sou simultânea, uma e outra. E outras…
Uma é minha sobrevivência e uma função que atende às necessidades dos outros, do mundo. Conto as histórias que me pedem para montar. A outra atende as minhas necessidades de lidar com as palavras, de contar e criar histórias. É uma necessidade interior. Cuidar, criar, montar palavras de forma que eu crie meu próprio móvel.
Assim sinto e percebo minha prática. Quando jornalista, uma montadora de palavras. Quando escritora, uma artesã das palavras. Lilian Romão– Profides X – Abril/2019
*o diariar é uma atividade do Profides, na qual as pessoas escrevem sobre suas impressões, sensações sobre uma vivência, um debate, uma atividade, algo que acontece no grupo.
Sobre as imagens…
Cada um/a com seu ponto de vista.
Cada um/a com seu jeito de ver.
Cada um/a focando aquilo que lhe chama atenção.
Todas/os ampliando o olhar para ver aquilo que não é visível.
Os últimos encontros do Programa Escuta Nordeste aconteceram no mês de março, com organizações do Ceará: o Centro de Estudos e Assistência às lutas do/a trabalhador/a rural (Cealtru), Associação Santo Dias e o CEU – Condomínio Espiritual Uirapuru, de Fortaleza e a Associação dos Remanescentes de Quilombo da Comunidade Povoado Boqueirão do Arara e a Associação de Desenvolvimento Comunitário de Baixa das Carnaúbas, de Caucaia.
O tema da mobilização de recursos tem sido recorrente e esteve presente nesses encontros, mas é importante destacar que houve pontos que retornam, agora em 2019, para a pauta temática dessas organizações e que vão influenciar, diretamente, suas ações: a luta de terras, no caso da Associação Quilombola, e a fome, na Associação Baixa das Carnaúbas.
Suzany Costa, consultora do Instituto Fonte. Ao fundo, muita reflexão e trabalho!
Os encontros presenciais fazem parte da primeira etapa do Escuta Nordeste e consistem em uma intervenção relacionada a questões apontadas previamente. A segunda etapa é a elaboração de um artigo (analítico) sobre o conjunto das escutas das organizações selecionadas. Por fim, a terceira fase é a realização do Lab Escuta Nordeste, um momento de retorno, interação e trocas entre essas e outras organizações e seus temas. Está programado para o início do segundo semestre de 2019.
O Escuta NE é uma iniciativa pró-bono do Instituto Fonte, que apoia organizações sociais por meio da facilitação diferenciada e com novas reflexões sobre suas próprias práticas. Nesta edição, o projeto contou com a parceria do Grupo Recife de Aprendizagem (GRA).
Um programa para fomentar uma prática política reflexiva para sermos, hoje, artistas criadores da nação democrática e sustentável do amanhã.
O Ser Político é um programa para um mergulho profundo no político que vive em cada um de nós, despertando habilidades para agirmos conscientes dos efeitos de nossas ações sobre um mundo que é vivo, complexo e que pede responsabilidade para transformá-lo.
O programa se propõe a promover o desenvolvimento:
de um pensar próprio para agir em liberdade, no qual este Ser Político conduza a si mesmo como agente criador de uma sociedade democrática e sustentável, em colaboração.
de habilidades perceptivas e sociais para a qualidade da intervenção política, por meio de atividades de observação, da natureza e de situações sociais reais, e de práticas meditativas, artísticas e de escrita.
da capacidade de se estabelecer relações de confiança na diversidade e na divergência para que, diante das realidades que se apresentam, possamos nos reconhecer pares alinhados na aptidão de enxergar a complexidade social como fenômeno vivo, interconectado e apresentar soluções capazes de criar um futuro que sustente a vida.
de lideranças políticas – dentro e fora do sistema político – com potencial de inovação para incidir nas agendas e nos processos de formulação e implementação de políticas públicas.
de relações de confiança na diversidade e na divergência, para que, diante das realidades que se apresentam, possamos nos reconhecer pares alinhados na aptidão de enxergar a complexidade social como fenômeno vivo, interconectado e apresentar soluções capazes de criar um futuro que sustente a vida.
Para quem?
Um programa para pessoas que atuam ou se sentem chamadas a atuar politicamente e sejam questionadoras da qualidade de sua incidência.
Fundamentos e abordagem
O programa se fundamenta na compreensão de que os processos sociais são fenômenos vivos e cada indivíduo é parte ativa da situação na qual está inserido.
Neste caminho da aprendizagem, a experiência do participante é o principal referencial para que um novo tipo de consciência emerja da compreensão dos processos naturais e sociais. Para tanto, serão conduzidos exercícios de leitura, observação, artísticos e de escrita na busca por um desenvolvimento auto reflexivo acurado e disciplinado.
O Programa apoia-se na Prática Social Reflexiva (PSR), uma abordagem cunhada pelo The Proteus School of Reflective Social Pratice e propagada no Brasil, desde 2002, pelo Instituto Fonte. Trata-se de uma prática de profunda sensibilidade social, baseada na compreensão de que o mundo das relações sociais é tão vivo e emergente quanto qualquer organismo. Sua referência é a fenomenologia de Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832), desenvolvida para enxergar as profundezas do mundo vivo, adaptando o pensamento para que ele se torne um órgão de percepção da vida.
Formato do programa
Imersão
O programa será de imersão, em quatro (4) módulos com duração de quatro (4) dias cada. Durante cada módulo, os participantes ficarão hospedados no mesmo local da realização do programa. Em cada intervalo entre os módulos haverá uma sessão de mentoria para o acompanhamento dos participantes.
A prática política ancorada na observação atenta da realidade requer tanto a imersão nessas realidades, para enxerga-las e senti-las de perto, como também um distanciamento da posição em que costumamos estar como observadores, nos deslocando para outras posições de ponto de vista.
Em um país diverso como o Brasil, as realidades são muitas e maiores ainda os pontos de vista.
Para instigar a observação consciente das relações que se estabelecem em diferentes contextos, os quatro (4) módulos do percurso formativo serão divididos entre duas capitais simbólicas do Brasil contemporâneo: São Paulo, símbolo do desenvolvimento econômico e do Brasil industrializado; e Recife, símbolo do nascimento da sociedade brasileira miscigenada, ocidentalizada e politizada.
DATA
LOCAL
Módulo 1
01 a 04 de Agosto/19
Recife/PE
Módulo 2
03 a 06 de Outubro/19
São Paulo/SP
Módulo 3
06 a 09 de Fevereiro/20
Recife/PE
Módulo 4
21 a 24 de Maio/20
São Paulo/SP
Conteúdo do programa
Módulo I: O Ser Político.
O Programa inicia-se com ênfase no desenvolvimento de faculdades centrais da Prática Social Reflexiva: qualidades da atenção, da consciência e da abertura. Expande no participante suas habilidades perceptivas, levando-o a ter um olhar cada vez mais atento sobre si, o mundo e as relações que se estabelecem entre estes. O aprendizado permite que o participante reconheça o que sua ação mantém, fortalece e transforma no mundo.
Trabalho escrito (entre módulos): Eu político (1500 palavras)
Módulo II: A complexidade no fazer político.
Este módulo busca ampliar a compreensão da complexidade presente na paisagem política – polaridades, contradições, relações – reconhecendo um mundo vivo, de conexões e constante mudança. A partir do estudo sobre o sistema democrático brasileiro – sistemas de governo e político, forma de organização de Estado, partidos e de controle social – promoverá a investigação de situações vivenciadas pelos participantes e também por convidados, provocando a busca pela compreensão sobre a qualidade da intervenção política própria de cada um.
Módulo III: Uma prática servidora.
O foco é compreender os desafios do exercício do poder ao colocar sua vontade no fazer politico. O participante irá vivenciar 24h da rotina de uma família em comunidade em situação de vulnerabilidade e risco social e ambiental. Esse módulo pedirá abertura do participante para que dê dois passos para dentro de si em busca dos padrões e forças motrizes que orientam sua ação. Um mergulho radical, luz e sombra, numa dança de aprendizagem em busca da real mudança capaz de sustentar e honrar o poder que é outorgado pela representação.
Trabalho escrito (entre módulos): O Ser Político (1500 palavras)
Módulo IV: Uma politica autêntica
O percurso de desenvolvimento culminará no reconhecimento sobre o que se transforma na prática política de cada um e o que emerge no caminhar da vida politica do grupo de participantes. Estes, conscientes de que cada um é corresponsável pela criação das realidades coletivas, irão em busca de se maravilhar com o que quer nascer da relação do grupo e que seja capaz de se sustentar na complexidade do fazer político autêntico para, assim, propagarem uma prática política reflexiva.
Coordenação Pedagógica
André Previato é natural de São Paulo/SP, onde reside, tem atuado nos últimos quatro anos com empreendedorismo cívico voltado ao aprimoramento da democracia, em especial na RAPS – Rede de Ação Política pela Sustentabilidade e no AGORA!. Nesse período se envolveu ativamente em candidaturas de renovação alinhadas ao desenvolvimento sustentável. É mestre pela London School of Economics and Political Science (LSE), especialista em Direito Econômico pela GV-Law e graduado em Direito pela PUC-SP. Certificou-se como mediador pela CEDR e pela FIESP.
Dalva Correia é natural de Recife/PE, onde reside, e atua na gestão pública do município em diferentes políticas públicas, atualmente com foco no envelhecimento e como consultora em processos de Desenvolvimento Institucional (DI), além do empreendimento do “O Ser Político” como proposta de formação para novas lideranças. É graduada em Serviço Social pela Universidade Federal de Pernambuco especialista em processos de facilitações grupais com ênfase nos referenciais da Prática Social Reflexiva e Pedagogia Social.
Denise Castro é ativista e facilitadora de processos multissetoriais. Líder da Rede de Ação Politica pela Sustentabilidade (RAPS). Se desenvolveu como gestora organizacional no terceiro setor, articuladora e estrategista, adquirindo experiência na gestão pública por meio da relação público-privada. Atua no desenvolvimento de políticas públicas e estratégias de transformação social. Desenha e empreende programas de aprendizagem com abordagem inovadora a partir da prática da pessoa e de um olhar sensível e integrado a natureza. É uma das idealizadoras e empreendedoras da oficina de aprendizagem O Ser Político, concebida para contribuir com o desenvolvimento de novas lideranças políticas. Pós-graduada em Prática Social Reflexiva pelo Instituto de Filosofia da Inovação Social da Alanus University em Bonn e Graduada em Ciências Biológicas pela PUC-CAMPINAS.
Organização
O programa é organizado pelo Grupo Recife de Aprendizagem (GRA) e o Instituto Fonte em meio ao contexto político do país que nos desafia a ressignificar nossa prática. Esta é mais uma atuação conjunta entre esses dois atores que reúnem profissionais com forte experiência em formação. O GRA e Instituto Fonte também estiveram juntos no Escuta NE, na Pós-graduação em Pratica Social Reflexiva e no Profissão Desenvolvimento.
Grupo Recife de Aprendizagem: Coletivo de 14 lideranças com atuação nos setores governamental, empresarial e da sociedade civil organizada. Desde 2006, essas lideranças vêm experimentando na sua prática profissional os princípios e a abordagem de desenvolvimento baseada na premissa de que os processos sociais são orgânicos e dinâmicos. Dessa forma, vêm exercendo um papel transformador nos campos da defesa de direitos, meio ambiente, criança e adolescente, responsabilidade empresarial, investimento social privado, educação popular, dentre outros.
Instituto Fonte: Organização da sociedade civil brasileira que, há 20 anos, facilita processos de desenvolvimento social, ajuda indivíduos a compreenderem e aprofundarem sua atuação e apoia a sustentabilidade de comunidades, grupos e iniciativas sociais.
Inscrições
A política trata da convivência entre diferentes que se organizam para objetivos comuns. A riqueza do percurso formativo proposto será tão grande quanto maior a diversidade do grupo. Nesta perspectiva, a coordenação cuidará para que o custo do Programa não seja impeditivo para a formação de um grupo diverso, que o potencialize.
Todas e todos que se identifiquem com a proposta O Ser Político estão convidados a realizar a inscrição e se engajar no desenvolvimento de ações de mobilização de recursos que estão sendo desenvolvidas. Essa disposição promoverá o comprometimento e a corresponsabilização financeira do grupo, inclusive para a obtenção de fontes alternativas de financiamento.
O Programa tem a intensão de que sua dimensão econômica faça parte do processo de desenvolvimento. Desde as inscrições, a coordenação dará transparência ao orçamento geral e trará à tona a reflexão sobre a relação entre os padrões valorativos dominantes e nossa situação social de desigualdade.
Inscrições encerradas.
A coordenação fica à disposição para responder a eventuais dúvidas pelo email: contato@institutofonte.org.br
As dinâmicas que realizamos me passaram a sensação de que o Profides é um grande e costurado conjunto de exercícios para a inteligência emocional e para nosso lado racional. Revisitamos questões de lógica e de foco narrativo e exercitamos a observação participante, mas de uma nova maneira, para mim: com o olhar descentralizado para as múltiplas esferas do que vai se desenvolvendo, tudo simultaneamente. Pareceu desafiador e foi encantador ao mesmo tempo”. Cristina Uchoa
A leitura dos aspectos invisíveis implica em “ver” relações internas do fenômeno e dele com seu mundo exterior.
Procurar olhar para as habilidades da observação, da imaginação e da leitura dos processos, percebendo alguns desses locais, além de suas influências, foi a provocação feita durante a atividade O experimento como mestre: mediando a relação objeto e sujeito, um momento de pessoas interessadas conhecerem de forma mais profunda a proposta do Profides: Profissão desenvolvimento.
A oficina aconteceu na primeira quinzena de fevereiro, na sede do Ficas, e contou com a facilitação de Tião Guerra e Flora Lovato, consultores responsáveis pelo Profides X. Para eles, o central neste dia foi considerar que uma situação pode ter pontos de vistas diferentes e as abordagens diferenciadas conduzem seu tratamento para um lugar também peculiar e, consequentemente, para desfechos igualmente distintos.
“E como procuramos desenvolver essa percepção? Fizemos um exercício em que a gente trabalhou, comentou e leu uma situação sobre três pontos de vistas: um de senso comum, que equivaleria a uma conversa de elevador; outro de um especialista que quer resolver aquela situação e que dava conselhos; e um final, o ponto de vista de quem quer ajudar a pessoa que está envolvida naquela situação a criar uma compreensão sobre aquilo que ela está vivendo”, explicou Tião Guerra.
A percepção: dependendo de qual dos três caminhos é escolhido, o que ocorre dentro de cada pessoa envolvida no tratamento daquele caso é diferente, como também é diferente o resultado final da própria situação. Essa distinção é importante, pois não valora nenhum dos procedimentos – tipo esse ou aquele é melhor ou mais adequado – , mas é um convite pra que as pessoas prestem atenção sobre qual o ponto de vista tem tratado diferentes situações na própria vida ou no trabalho.
Para o consultor Tião Guerra, “esse prestar atenção em como você trata de uma forma superficial e rápida, ou de uma forma buscando soluções custe o que custar, ou de uma forma a gerar uma maior compreensão para o que está acontecendo, é fundamental, pois falará sobre sua abordagem e forma de ler as situações”.
Essa vivência, que mostrou um pouco do grande potencial do Profides, foi uma amostra da capacidade de experimentarmos, observarmos, refletirmos e avançarmos em grupo, com o outro e também individualmente. O momento atual pede uma prática mais consciente que promova maior capacidade de diálogo, articulação e transformação”. Roberta Rossi
Geometria projetiva: O outro exercício do dia consistiu em trabalhar esse mesmo conceito sobre a perspectiva da geometria projetiva na criação de um círculo. “Num primeiro momento, criamos um círculo à mão livre. Em um segundo, com raios equidistantes de um centro, e depois, em um terceiro momento, sem os raios e apenas com tangentes de raios imaginários. O movimento do círculo que aparece do centro para a periferia e da periferia para o centro é um tratamento metafórico, uma outra linguagem da mesma atividade da manhã”, acrescentou Flora.
Ou seja, como é que a gente trata um círculo, fazendo com que ele apareça a qualquer custo, ou fazendo com que ele emerja da aproximação de diferentes elementos vindo de uma periferia distante ou de pouca consciência pra proximidade de maior consciência, de maior compreensão, fazendo com que o círculo emerja”. Flora Lovato
Sobre o Profides: As inscrições seguem abertas! O início da décima turma acontece em Abril de 2019 e é possível acessar todas as explicações em: http://new.institutofonte.org.br/profides2019/
O Fonte pra mim sempre foi uma referência. Não é de hoje que eu conheço o Profides. Já tinha ouvido falar e dessa vez eu decidi que gostaria de participar por que nos últimos dez anos, com as minhas filhas, a base antroposófica foi muito presente na minha vida. Eu resolvi fazer a formação de professores Waldorf e acredito que participar nesse momento seja o ideal. O Esquenta foi super bacana, pois deu uma pincelada sobre o que vai ser esse desenvolvimento, e que pra mim traz essa consciência de que a gente se desenvolve a partir dos relacionamentos, a partir dos diálogos, a partir do olhar pra mim e o olhar para o outro. Eu já tinha feito os exercícios com figuras geométricas dentro do currículo de geometria, e esse olhar da circunferência, sobre o que vem de fora e do ponto que vai pra fora, e confronta meu olhar para outras situações, se sou passiva, ativa, como me comporto dentro dos relacionamentos, dentro do mundo, enfim… mexeu comigo. Acho que vai ser gratificante e importante desenvolver esse olhar pra mim mesma e como eu me comporto no mundo, seja o profissional, ou o de casa”. Adriana da Glória
Ficarei perdida entre a mudez dos sinais? Ficarei, pois sei como sou: nunca soube ver sem logo precisar mais do que ver. Sei que me horrorizarei como uma pessoa que fosse cega e enfim abrisse os olhos e enxergasse – mas enxergasse o quê? um [objeto/situação] mudo e incompreensível. Poderia essa pessoa não se considerar mais cega só por estar vendo um [objeto] incompreensível?”
Clarice Lispector
Quando observo e quando imagino, o que está acontecendo em mim?
O que é do fenômeno e o que é meu? O que projeto?
O que ocorre dentro da pessoa tem diferentes níveis… Da observação acurada, que implica leitura, escuta e visão…
Da imaginação sensorial exata, que implica em rememorar, reviver, fazer conexões entre diferentes aspectos manifestados pelo fenômeno…
A leitura dos aspectos invisíveis implica em “ver” relações internas do fenômeno e dele com seu mundo exterior…
Gostaríamos de convidar você para fazer parte do encontro do dia 8 de fevereiro, com a nova turma do Profides: Profissão Desenvolvimento.
Queremos olhar para as habilidades da observação, da imaginação e da intuição como momentos da leitura de processos.
Está sentindo que é hora de olhar profundamente para seu lugar profissional e para sua ação no mundo?
Participe conosco. Esse será nosso último encontro aberto antes do início do Profides X, em Abril de 2019.
Quando: 8 de fevereiro, das 9h às 17h. Onde: Ficas – R. Dr. Lopes de Almeida, 180 – Vila Mariana
Tião Guerra. Consultor, facilitador, educador, amador, sonhador, cuidador, cantor, compositor… Adjetivá-lo é uma tarefa difícil, pois qualquer definição, dependendo do contexto, pode tornar-se frágil e limitadora do alcance de suas asas invisíveis. Mas sua autodescrição destaca, para além daquilo que já foi apontado antes, seu gosto por caminhar e suas aptidões como músico, leitor, escritor (https://cartasdofundo.wixsite.com/site) e como pai de seis filhos maravilhosos.
Como o sobrenome indica, aos seus 58 anos de vida Tião luta suas próprias batalhas. Acredita no contato consigo mesmo, com a natureza, com a arte e com o outro como estilo de vida, abordagem de trabalho e de desenvolvimento pessoal e social. Após 39 anos de atuação como educador, desenvolveu um olhar muito dinâmico, crítico e realista para as situações que envolvem a educação de crianças e jovens, fruto de uma trajetória multifacetada e inquieta, iniciada em 1979, no Estado do Rio de Janeiro, e que ultrapassou os muros da escola pública e alcançou movimentos e organizações sociais de várias localidades e naturezas, incluindo aquelas voltadas para a Pedagogia Waldorf.
Tião soma muitas atividades em seu currículo: fundou o Instituto de Educação de Nova Friburgo em 1985, e foi o diretor da escola de aplicação do mesmo. Fundou a Associação Crianças do Vale de Luz em 1988, mantenedora de duas Escolas Waldorf público-comunitárias e um Centro de Formação de Professores Waldorf, onde desenvolveu habilidades de gestão organizacional e de apoio ao desenvolvimento de pessoas e de organizações sociais. Em 1996, começou a atuar como consultor de processos de desenvolvimento social. Foi coordenador Regional (Região Serrana do Rio de Janeiro) da FIA/RJ ‐ Fundação para Infância e Adolescência, em 2002. Realizou estágios na área educacional na França, Suíça e África do Sul. É graduado em pedagogia, com especializações em Pedagogia Waldorf e Pedagogia Social. De 2007 a 2011, prestou assessoria parlamentar (ALERJ) na área de projetos de desenvolvimento. Em 2017, compartilhou seu tempo profissional com grupos muito interessantes: Coordenador do projeto Fortalecendo a Resiliência em Comunidades da Região Serrana do Rio de Janeiro (C&A Foundation e Save the Children); Jardim Escola Michaelis/RJ; Departamento Nacional do SESC, Área de Desenvolvimento Comunitário; Avo – Meaningful Branding; JLT Seguros; UNICEF/RJ. É docente na graduação “Pedagogia da Liberdade” e consultor eventual em diversas potentes iniciativas socioculturais por aí… Contato: tiao@institutofonte.org.br
Com base nesse caminho, influências e inúmeras perguntas ainda sem respostas, Tião tem aperfeiçoado um conceito próprio que intitulou “educação vigorosa”.
E esse é o foco deste texto, fruto de uma longa conversa-aula, que tratou desde a origem e inquietações presentes no conceito, como também se preocupou em apontar qual é o caminho pedagógico para o qual procura olhar a educação vigorosa.
E, apenas lembrando, Tião Guerra será um dos facilitadores do Profides X, ao lado de Flora Lovato. Já fez sua inscrição?
A origem do termo “educação vigorosa”
Tem a ver com uma trajetória de 37 anos dentro de escola, tanto privada como públicas, estas últimas, em áreas periféricas onde o tema da violência ou da inadequação, ou a falta de sentido do espaço escolar para uma boa parte das crianças e dos jovens é um tema muito recorrente. Sobretudo para os jovens. Como olhar para a instituição escola pública, que é a maior instituição pública desse país, onde mais circulam cidadãos, como um espaço que pudesse ser interessante, desejável, estimulante?
Essas inquietações surgiram paralelamente ao meu convívio com a Pedagogia Waldorf, que tem na sua base o princípio associativo, ou seja, a escola não é do Estado, não é de um dono, de um proprietário, mas a escola é gerida, construída por uma tríade composta os professores, pais e comunidade.
A aposta da Pedagogia Waldorf, de que a relação dos adultos é aquilo que vai gerar a estrutura ou o leito por onde vai correr o “rio escola”, por onde vai correr o “rio crianças” em processo educativo, sempre foi pra mim um grande atrativo dessa abordagem pedagógica. Porém, ao longo dos anos fui percebendo que esse é um grande tesouro repleto de grandes desafios.
O desafio da vida em comunidade
A vida associativa é um grande desafio na contemporaneidade. A vida associativa, de colaboração, de criar consensos, de haver dissensos, de discordar, de estabelecer mandatos, de diferenciar alçadas, todos esses processos que são centrais na vida social estão muito fora de moda.
Não é algo que está sendo estimulado na esquina, ou seja, vamos colaborar, vamos organizar bons encontros para produzir metas definidas no bairro, no condomínio, na cidade, enfim… E isso não é culpa das pessoas que estão envolvidas no processo.
Pra mim, nasce essa constatação de que essa fragilidade da presença dos adultos, tanto nas escolas públicas como na Escola Waldorf, que não são públicas, são comunitárias e associativas, era um fenômeno mais profundo do que a inabilidade daquele grupo de adultos, ou daquela comunidade que estava em torno daquela da escola pública. Mas que a gente deveria olhar pra isso com mais cuidado na conjuntura moderna, na qual o ideal de adulto bem sucedido é um adulto privatizado, que tem seu plano de saúde, que tem a chave da sua casa, que está dentro do condomínio, que se locomove no seu carro, que é “independente”. Isso tudo é tido como sucesso.
Essa “pulga atrás da minha orelha” foi crescendo e chegou uma hora que uma pergunta do Steiner, em um livro chamado “A questão social como questão pedagógica” fez muito sentido. Logo na abertura ele diz: “como nós adultos devemos nos comportar diante das crianças se quisermos que elas mergulhem com entusiasmo na vida cultural, jurídica e econômica?” Eu me agarrei nessa pergunta e falei “é com essa que eu vou”.
Uma escola sem crianças no centro?
Começa assim a nascer esse conceito de uma escola que tem crianças e jovens, mas que o centro dessa escola não são as crianças e os jovens. É uma ideia contra intuitiva, um rompimento. As pessoas não dizem isso, as crianças sempre foram o centro da escola. E eu começo a dizer que o centro da escola são os adultos e a sua vida social, seja uma escola pública ou Waldorf, de que essa escola vai ser tão mais interessante, estimulante, significativa quanto mais qualificada for a vida social dos adultos que estão em torno dessa escola?
Na medida em que a vida dos adultos, a vida de colaboração, associativa, se qualifica e se torna entusiasmante para os adultos, as crianças e os jovens vão se espelhando e conforme vão ganhando idade, iniciam sua própria participação nessa estrutura, a partir desse comportamento.
A escola é um lugar onde os adultos são referências. Eles não são faladores de mundos românticos, idealizados, mas eles são uma referência prática do quanto é bom e dilemático ser adulto, no sentido de que não é harmônico, mas no sentido de que a vida adulta é uma vida interessante. Ela tem uma ludicidade dramática. Crianças e jovens, quando olham para esses adultos, pensam, sentem “nossa, é bom amadurecer, é bom ser adulto. É bom caminhar para meu próximo estado”.
Eu tenho sido muito chamado para trabalhar com Escolas Waldorf, fortalecer a vida associativa. Eu tenho feito o que disse até agora, lembrar as pessoas de que se a gente “brinca bem como adulto”, isso é a escola. A relação entre os adultos é o que vai fazer esse fluxo. Vivenciar situações reais que vão representar um currículo vigoroso. Que é um currículo de comportamento adulto, maduro.
O fluxo da força: da violência à virtude
Tião e educadoras de Petrópolis durante o lançamento do projeto Fortalecendo a Resiliência
Há uns seis meses, uma universidade me convidou para falar sobre educação não-violenta. À medida que iam passando os dias, crescia uma questão em mim: se a gente tirasse a violência da educação ela seria morta, uma vez eu o componente violência é um componente da vida. Se você tira esse componente da vida, uma outra polaridade desaparece também.
Fui pesquisar sobre a origem etimológica da palavra violência e descobri que o prefixo vis, que nas línguas neolatinas se transformou em vir, quer dizer forçada vida. Então, a etimologia de violência é força em excesso.
Se há uma força em excesso, deve ter uma força adequada, pensei. Virtude quer dizer força adequada. A etimologia de virtude é: a força adequada para cada situação. Não é uma força adequada para tudo, quer dizer a força adequada para cada situação. E violência é a força em excesso para qualquer situação.
Por exemplo, um silêncio excessivo em uma situação determinada pode ser um ato de violência. Violência não caracteriza apenas o tapa, a sacudida, o palavrão. A violência pode ser qualquer comportamento, qualquer força em excesso em uma situação determinada. O que é muito interessante, pois se há um excesso de força e uma força adequada, deve ter uma dança entre as duas. Ou seja, deve haver um movimento que oscila entre o excesso e a adequação. E essa palavra é o vigor. O vigor é a prática da força, sem adjetivos.
Quando eu fui dar a aula, eu trabalhei todo esse conteúdo, para o escândalo inicial das pessoas que estavam por lá. Depois criou um entusiasmo e uma compreensão. Meu esforço é levantar a questão sobre o que pode criar condições para uma educação vigorosa, uma educação onde os adultos estejam atentos a prática continua da força, pois estamos continuamente sendo excessivos em nossa prática e estamos continuamente quebrando o excesso de força, transformando violência em virtude.
Estamos sempre oscilando entre virtude e violência. A questão é que se a gente presta atenção nessa oscilação, a gente vai se tornando uma pessoa vigorosa, na prática, alguém que está prestando atenção em suas mancadas e nas suas coisas incríveis. E se a gente vai nessa direção, a gente tem mais condições de desenvolver coletivos educadores vigorosos como, por exemplo, nas escolas, ou em espaços informais, associações, pois não serão excessivamente violentos, nem divinamente virtuosos. Mas serão instituições fortes e vigorosas.
Estaremos atentos ao fenômeno da prática da força para, que ele fale pra você. Nesse sentido, não chegarei a tratar de conteúdos, de formatos. Estou lidando com os sujeitos, com o comportamento dos sujeitos responsáveis por essas organizações, instituições.
A transformação do paradigma: significados para o processo educativo
Atividade com pais e educadores.
Como eu trabalho isso? Imaginemos uma linha vermelha que vem do passado e que posiciona o processo educativo no tripé antroposófico do pensar, sentir e querer.
Pensar: você vai aprender coisas, conceitos, memorizar conteúdos, por para dentro informações. Isso vai te formar.
Sentir: trata de um lugar político, das relações sociais. O sujeito será formado para manter-se: Custe o que custar. Terá um emprego, salário, comida…
Querer: no nível mais do querer, a escola vai nos ajudar para que a gente se porte. Educação que nos educa para algo: aqui é assim que eu devo me portar para ser aceito. Assim, terei retorno, recompensas afetivas.
A virada, para transmutar esses três:
aprender deixar de ser central e compreender ganha espaço. Não basta eu saber 10 coisas, mas é importante que eu saiba relaciona-las entre si. E fazer outras composições entre elas. Criar compreensão passa a ser mais sofisticado, mais vigoroso como resultado no educando, passa a ser mais desejável, pois é um passo além do aprender. Ou seja, além de saber coisas, eu consigo relacionar coisas, e quando eu relaciono, eu transformo esses conteúdos;
O segundo paradigma transpõe o manter-se e chega ao relacionar-se. Eu não vou me manter a qualquer custo, mas eu me mantenho em relação a…, me mantenho em relação. Por exemplo, me mantenho em relação ao meio ambiente. Entendo minha manutenção em relação ao outro, sem custar a manutenção do outro.
E pra terminar, o portar-se quebra o paradigma para comportar-se. Eu faço uma leitura desse ambiente, eu aprendo as regras, entendo como tenho benefícios, mas eu contenho a mim mesmo nesse ambiente e entendo que é possível transforma-lo, e não apenas adaptar-me a ele. Então, é uma leitura das regras do ambiente, mas também uma transformação, pois eu também estou presente. Não sou apenas alguém a ser ajustado, mas assumo que meu desajuste é proveitoso para esse ambiente e que sou capaz de propor uma nova situação.
Um sucesso educativo é gerar criaturas que chegam nos ambientes, compreendem e os transformam. Pois se levam ao ambiente e propõem uma interferência. Essa transformação dos paradigmas do aprender, manter-se, porta-se para o compreender, relacionar-se, comporta-se é o resultado de uma educação vigorosa.
A última semana de 2018 foi palco de mais uma ação do Escuta Nordeste. As cortinas, e os ouvidos, se abriram para a Em Cena Arte e Cidadania, organização que atua desde 1999 na zona central do Recife, com a missão de promover educação artística, cultural e cidadã de crianças e adolescentes por meio da arte, teatro e dança, em ações complementares à escola. De acordo com as consultoras Saritta Falcão Brito, do Instituto Fonte, e Dalva Correia, do Grupo Recife de Aprendizagem (GRA), parceiro nessa edição do Escuta NE,a organização está em um momento muito especial, reconstruindo sua atuação após o incêndio de 2014.
Para desenvolver a intervenção com a equipe, foi necessária uma primeira escuta com a gestora da ONG, Bethânia Gonçalves, na qual foi possível compreender que, diante do momento político e contexto de mudanças vivenciado pela organização, o desenho da atividade deveria favorecer um ambiente capaz de reavivar a visão de futuro da equipe e o sonho da Em Cena, olhando para esse novo momento e considerando a trajetória de mais de 20 anos.
Representação do momento atual da Em Cena, construída durante a atividade do Escuta NE.
“Trabalhamos no sentido de envolver a equipe numa escuta individual e coletiva sobre o fazer de cada educador e o que estava vivo na organização, no grupo, na comunidade, identificando desafios, potencialidades e sentimentos que eles conseguiram acessar”, disse Saritta.
Ao final de quatro horas de processo, dois cenários emergiram: um do sonho e outro sobre o que é possível fazer em 2019. Na avaliação das consultoras, foi algo que fez muito sentido para o planejamento que acontecerá em janeiro de 2019, pois levantou novas ideias e favoreceu uma percepção das possíveis linhas de atuação e das relações entre as possibilidades construídas e os limites da equipe sobre o que é essencial e precisa ser focado.
Para a coordenadora Betânia Gonçalves, foi importante entender que o Escuta Nordeste é um momento de parada, reflexão, mas despretensioso de ser um planejamento estratégico ou uma avaliação. “A Em Cena está sofrendo uma crise financeira como há muito não vivia, que desestabiliza a sua estrutura e deixa incerto o futuro real da instituição, além de toda a reflexão sobre sua ação política no contexto que estamos passando. O Escuta chega nesse momento, trazido por duas pessoas muito queridas, nossas Saritta e Dalvinha”, contextualizou.
Representação do “futuro sonhado” pela equipe da Em cena durante o Escuta NE.
A equipe está num período muito resistente a novidades e mudanças, vivendo um momento de falta de brilho nos olhos. A dinâmica mais significativa pra nós foi a da representação concreta do momento atual da instituição e o futuro sonhado. Nesse momento foi possível fazer uma leitura mais sensível sobre como as pessoas estão. E o quanto elas ainda acreditam na Em Cena”. Betânia Gonçalves, Coordenadora da Em Cena Arte e Cidadania.
O Escuta NE é uma iniciativa pró-bono do Instituto Fonte, que apoia organizações sociais por meio da facilitação diferenciada, com novas reflexões sobre suas próprias práticas. Nessa edição o projeto contou com a parceria do Grupo Recife de Aprendizagem (GRA).
De alguma forma todas/os sabíamos que havia chegado o momento da grande conversa. O momento de lidar com a nossa biografia organizacional, nossas escolhas, nossos acertos e erros.
*as fotos que ilustram essa mensagem foram tiradas durante a imersão da equipe do IF, em Setembro de 2018, na Serrinha.
Observando o fenômeno ainda sem entendê-lo, a principal pergunta que ressoava, interna e externamente, como um eco coletivo, era “como deixamos as coisas chegarem até esse ponto”?
O Instituto Fonte foi fundado em 1998 e refundado no ano de 2002, com a fusão do Instituto Cristophorus. Sempre trouxe no seu DNA o desejo de “ajudar pessoas a construírem o mundo em que querem viver”. Focou em apoiar outras organizações da sociedade civil nos seus processos de gestão e desenvolvimento por meio dos princípios da Pedagogia Social de base antroposófica. A partir dessa prática mergulhou na fenomenologia goetheana e cultivou a Prática Social Reflexiva no Brasil, um jeito singular de ver e se relacionar com as organizações e os indivíduos que a animam.
O compromisso com essa prática nos levou à consciência do que fomos, para então encontrar em nós aquilo que não somos mais. Ao fazer isso, foi inevitável ver o que morreu dentro e fora de cada associado e do Instituto. Desse lugar, foi inevitável nos fazer perguntas como:
Nossos programas de formação presencial, que pedem um tempo de presença e reflexão profunda, fazem sentido em tempos de educação à distância?
Qual o lugar da consultoria de processos em tempos de Design Thinking e Dragon Dreaming?
Para quem é relevante viver com a complexidade e as contradições do mundo, indo além das tecnologias e ferramentas de gestão?
Diante desta situação, em que não temos clareza das respostas, decidimos submetermo-nos completamente a ela sem fingir que sabemos a saída. Confiando que, se houver saída, ela somente será revelada para aqueles que sentiram no coração um chamado – ou inspiração – e compromisso com o que dessa situação poderia emergir.
Com medo e com coragem, com dúvidas e certezas, um grupo de associados saiu e outro assumiu a governança desse futuro incerto. No pequeno e novo grupo de associadas ficaram mulheres que representam diferenças culturais de duas regiões historicamente polarizadas no país: o nordeste e o sudeste.
Mulheres que construíram suas identidades profissionais a partir da identidade do Fonte e que acreditam nesta prática, que revela nosso jeito Fonte de atuar no mundo, na qual compreendemos que “à medida que mudamos nossas posturas diante do mundo, o mundo muda e nós também somos mudados”.
Como parte de um todo maior, percebemos que nosso microcosmo organizacional vive de alguma forma no macrocosmo do país, do continente, do planeta. Natureza, sociedade, organizações se transformam todos os dias a partir do que escolhem deixar morrer e viver. Assim a vida se renova, se recria e faz emergir novas formas de se relacionar consigo e com o mundo, recriando também relações que seguem sendo tecidas com quem se foi, com quem fica e com aqueles que queremos ao nosso redor.
Que venha 2019!
Equipe de consultoras que assumiu a gestão do Instituto Fonte. A partir da esquerda: Saritta Falcão Brito, Márcia Thomazinho, Helena Rondon, Suzany Costa e Flora Lovato.
A mudança necessária é tão profunda que se costuma dizer que ela é impossível. Tão profunda que se costuma dizer que ela é inimaginável. Mas o impossível está por vir. E o inimaginável nos é devido”. (Paul B. Preciado)
Um momento complexo, num mundo complexo e repleto de contradições. Isto é o que vivemos hoje. Frente a isso, há a tendência a sucumbir e passar a atuar de forma gerencial, buscando manter tudo sob controle, o que gera insatisfações as mais diversas. Nessas situações, é comum profissionais que atuam com desenvolvimento se perguntarem:
Em um contexto de retrocesso de direitos, como ajudar a sociedade civil se articular efetivamente?
Como podemos nos tornar conscientes do nosso jeito de ver e de pensar e de como esse pensar marca nossa forma de atuar no mundo?
Como tornar a minha prática profissional mais humana? Como podemos desenvolver nossa capacidade de perceber a vida em processos sociais?
Como lidar com a pluralidade, sem perder a individualidade, respeitando a diversidade?
Como podemos desenvolver respeito por aquilo que está em gestação, num vir a ser, em uma pessoa, grupo, comunidade ou organização?
Como melhorar a minha escuta e a minha capacidade de ler as diferentes realidades?
O que é resultado? Qual a relação entre processos e resultados?
O que é crescimento? O que é desenvolvimento?
Porque as pessoas não conseguem viver suas vidas plenamente?
PROFIDES – Profissão: Desenvolvimento! – é um programa inovador de formação continuada que procura ampliar o sentido, a qualidade e a relevância das ações de profissionais que atuam em ONGs, movimentos sociais, no setor público ou privado. É dedicado aos que estão interessados em buscar – e também construir colaborativamente – a arte da intervenção social a partir de uma perspectiva mais humana e orgânica.
É composto por um conjunto de atividades com o objetivo de criar espaços cuidados para a análise crítica e qualificação das práticas de desenvolvimento social no Brasil.
É um processo profundo, delicado e interativo em que os temas e conteúdos são abordados cada vez em maior profundidade, oportunizando novos níveis de compreensão a cada vez que são explorados. Os períodos de aprendizado formal em grupo – que serão vivenciais e individuais ao mesmo tempo – serão intercalados com períodos de prática real em campo (e também de reflexão sobre essa prática). Se baseia, assim, no envolvimento real dos participantes consigo mesmos e com os outros. O programa desenvolve capacidades de facilitação do diálogo entre diferentes atores; de enfrentamento de situações tensas e conflituosas; de intervenção criativa em situações de mudança; de fomento da aprendizagem de pessoas e organizações entre outras.
Quem deve participar?
Quem tem questões quanto às reais transformações sociais nascidas de seu trabalho;
Quem tem alguma trajetória social (em ONGs, movimento sociais, governo ou empresas) e perspectiva de continuidade de atuação em desenvolvimento;
Quem se sente responsável por promover mudanças no contexto em que atua;
Quem está disposto a trazer suas experiências e aprender com elas.
O caminho:
O programa não é teórico – embora várias teorias deem-lhe corpo – e é baseado na experiência e no envolvimento real dos participantes consigo e com os outros. Conta com atividades a serem desenvolvidas entre os módulos que buscam desenvolver atenção disciplinada e compreensão genuína sobre os fatos e demanda que os participantes tenham uma prática social à qual possam se referir e da qual possam aprender.
São cinco módulos presenciais de quatro dias cada um, com intervalos aproximados de dois meses, intercalados por atividades intermódulos, num total de 256 horas de estudo. Os módulos são compostos por trabalhos em grupo, reflexões individuais, debates e plenárias, estudos dirigidos, análises de casos, produção de textos, exercícios vivenciais e de observação, além de atividades artísticas com intencionalidade pedagógica.
móduloI :: 10 a 13 de Abril de 2019
Oqueédesenvolvimento?
móduloII :: 05 a 09 de Junho de 2019
Comoocorremasmudanças?
móduloIII :: 07 a 10 de Agosto de 2019
Comolerprocessosdedesenvolvimento?
móduloIV :: 16 a 19 de Outubro de 2019
Comointerviremprocessosdedesenvolvimento?
móduloV :: 04 a 07 de Dezembro de 2019
Comomanter-seaprendendo?
Investimento
O programa custa:
R$ 7.000,00 por participante (para um número mínimo de 20 participantes);
R$ 5.400,00 por participante (para um número mínimo de 26 participantes);
R$ 4.700,00 por participante (para um número mínimo de 30).
Esse valor pode ser pago por módulo ou por mês durante a realização dos módulos. Os acordos financeiros são parte do engajamento com o programa e serão acompanhados por todo o grupo.
Esses custos incluem a facilitação de Flora Lovato e Tião Guerra, os materiais, despesas de transporte e acomodação dos facilitadores.
Esses custos NÃO consideram despesas de deslocamento e acomodação dos participantes. As hospedagens custam por volta de R$ 200/dia em quarto duplo e os encontros serão realizados em locais próximos de São Paulo – (até cerca 3 horas de São Paulo). Espera-se que os participantes apoiem a busca e a gestão da logística de realização dos eventos.
Muitas pessoas podem não ser capazes de arcar com esse valor. O programa, por enquanto, não possui financiamento externo. Os participantes podem ajudar uns aos outros ou ajudar com ideias e ações em relação à captação de doações ou patrocínios. O orçamento geral será compartilhado com os participantes de tal forma que os custos sejam abertos e transparentes a todos, na crença que os participantes desse programa são maduros e comprometidos o suficiente para assumir o programa como algo “deles” e reconhecer que o programa pode não acontecer sem o compromisso de todos. Se você puder ajudar, o Grupo de Coordenação apreciará sugestões e ideias que você tiver, bem como qualquer ajuda que você possa oferecer.
Conheça os facilitadores:
Flora Lovato: Consultora e facilitadora de processos associada ao Instituto Fonte desde 1999. Integrou a diretoria da organização de 1999 a 2007 e a de 2015-2016. É graduada em Comunicação Social pelo Instituto Metodista de Ensino Superior, escola em que realizou também seus estudos de pós-graduação. Foi gerente geral da Fundação Iochpe por cinco anos e há 18 vem trabalhando em processos de desenvolvimento junto a diferentes iniciativas sociais. Co-facilita programas de formação tais como Artistas do Invisível (ao lado de Allan Kaplan, consultor sul-africano vinculado à Proteus Initiative) e Profissão: Desenvolvimento, programa voltado ao desenvolvimento da prática de intervenção no desenvolvimento social realizado pelo Instituto Fonte. É facilitadora convidada na Pós-Graduação “Reflective Social Practice” realizada pelo The Proteus Initiative de Cape Town, África do Sul, em parceria com o Crossfields Institute, de Londres, na Inglaterra e a Alanus University de Bonn, Alemanha. Coordenou diferentes publicações, entre elas os sete títulos da Coleção Gestão e Sustentabilidade, editada pela Editora Global e Instituto Fonte em 2001. É fellow da Fundação Kellogg, do BoardSource e do CDRA (Community Development Resource Association), organização junto à qual cursou o Fellowship Programme, programa avançado com foco em intervenção social. Gosta muito de se perder nos diferentes bairros de São Paulo, cidade em que viveu os seus 60 anos de vida. Adora receber amigas e amigos de forma acolhedora, observar e desenhar plantas em particular, além de fazer amigurumis para seus sobrinhos. Contato: flora@institutofonte.org.br
Tião Guerra: Consultor Associado do Instituto Fonte, desde 1999. Pedagogo dedicado ao desenvolvimento do ser humano enquanto indivíduo e em grupos. Desde 1979 trabalha com instituições e movimentos sociais, em especial as que atuam no âmbito da infância, juventude e desenvolvimento comunitário. Atuou como educador formal em escolas desde 1980. Fundou o Instituto de Educação de Nova Friburgo em 1985, e foi o diretor da escola de aplicação do mesmo. Fundou a Associação Crianças do Vale de Luz em 1988, mantenedora de duas Escolas Waldorf público-comunitárias e um Centro de Formação de Professores Waldorf, onde desenvolveu habilidades de gestão organizacional e de apoio ao desenvolvimento de pessoas e de organizações sociais. Em 1996, começou a atuar como consultor de processos de desenvolvimento social. Foi coordenador Regional (Região Serrana do Rio de Janeiro) da FIA/RJ ‐ Fundação para Infância e Adolescência, em 2002. Realizou estágios na área educacional na França, Suíça e África do Sul. É graduado em pedagogia, com especializações em Pedagogia Waldorf e Pedagogia Social. De 2007 a 2011, prestou assessoria parlamentar (ALERJ) na área de projetos de desenvolvimento. Em 2017, compartilhou seu tempo profissional com grupos muito interessantes: Coordenador do projeto Fortalecendo a Resiliência em Comunidades da Região Serrana do Rio de Janeiro (C&A Foundation e Save the Children); Jardim Escola Michaelis/RJ; Departamento Nacional do SESC, Área de Desenvolvimento Comunitário; Avo – Meaningful Branding; JLT Seguros; UNICEF/RJ. É docente na graduação “Pedagogia da Liberdade” e consultor eventual em diversas potentes iniciativas socioculturais por aí… Também aprecia muitíssimo caminhar, é músico, leitor e escritor https://cartasdofundo.wixsite.com/site e acredita no contato consigo mesmo, com a natureza, com a arte e com o outro como estilo de vida, abordagem de trabalho e de desenvolvimento pessoal e social. Tem 56 anos, é pai de seis filhos maravilhosos e mora em sua malinha de viagens. Contato: tiao@institutofonte.org.br
O Instituto Fonte, ao longo dos anos, tem procurado acompanhar os fluxos de interesse em seus programas de formação para definir os inícios de novas edições.
No momento, o Profides: Profissão Desenvolvimento, ainda não tem previsão para uma próxima turma.
Mas, caso você tenha interesse em integrar uma nova edição do programa, preencha o Formulário de Interesse!
Agradecemos! E esperamos, em breve, nos encontrar!