Diálogo debate campo das finanças sociais e dos negócios de impacto

Realizado pelo Instituto Fonte em sua nova sede, o Impact Hub Pinheiros, o evento também lançou a nova identidade visual da organização

“A prática da mudança no campo social” foi o tema da roda de diálogo organizado pelo Instituto Fonte, no dia 02 de maio de 2017. O evento, além de reunir personalidades, parceiras/os e amigas/os para dialogar sobre um tema de interesse no campo do desenvolvimento social, também inaugurou um novo momento da organização.

Com a proposta de ocupar outros espaços e desenvolver novos diálogos e parcerias, nos últimos anos, o Fonte se renovou em muitos aspectos. Agregou novos associados, mudou de espaço físico e passou a integrar o Impact Hub Pinheiros.

E, seguindo nesse caminho de renovação, o evento também lançou a nova identidade visual e um conjunto de produtos institucionais, como o site do Instituto Fonte e o Relatório de Gestão 2015-2016.  

A prática da mudança: o debate tratou, especificamente, sobre o tema das finanças sociais e negócios de impacto. Contou com a presença de Célia Cruz, diretora executiva do Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), que trouxe um importante contexto da construção do campo dos negócios sociais, e de Fernando Assad, empreendedor social e sócio-fundador do Projeto Vivenda. A mediação ficou por conta da consultora associada Martina Rillo Otero.  

Célia Cruz destacou algumas reflexões relacionadas à amplitude desse novo campo, que abrange desde organizações sociais que têm geração de renda ou negócios de impactos, cooperativas, negócios que reinvestem o lucro no próprio negócio, entre outros novos modelos de organismos e investimentos. Para ela, no meio dessas duas pontas entre impacto social e ganhos financeiros, existe um ecossistema muito amplo de organizações que podem promover impacto social com retorno monetário. Além de apresentarem um novo formato de ação e interesses, essas iniciativas são capazes de atrair um capital novo. “Não só o dinheiro de doação, da filantropia, de governo, do investimento social privado, mas identificam novos pontos do capital capazes de ser alocados para negócios com essa lógica de impacto social e performance financeira”, analisa a diretora.  

Para Célia, o Fonte tem um papel importante, ao trabalhar a inovação no campo social com capacidade de agregar impacto. “Há um local para a gestão, para a avaliação de impacto, para a construção e análise diferenciada dos indicadores e outros formatos possíveis de acessar capital. Temos que trilhar esse caminho juntos”, finaliza.

Lacunas de mercado: Porque há tanta defasagem em negócios para população de baixa renda? Para Fernando Assad, os mercados sociais têm a função de dar conta das lacunas do mercado tradicional, como a vivenciada pelo Projeto Vivenda, que oferece opções de reforma e crédito para a população menos favorecida financeiramente.

“Estamos em um processo de construir uma solução de urbanização das favelas. Um morador de uma comunidade de baixa renda quer reformar e não consegue acessar os créditos. E ainda está sujeita a essa lógica de funcionamento do sistema”, explica.

A Vivenda pretende chegar a 1.000 reformas durante o ano de 2017. Oferecem o projeto, o arquiteto e os pedreiros para pequenas reformas de moradores da Vila Pantanal, em São Paulo. As pessoas pagam pela reforma, acessam um crédito de forma justa e contratam um serviço de qualidade, necessidades levantadas anteriormente pelo próprio projeto, junto aos moradores da localidade. “Isso nos mostrou que há um ecossistema que ninguém acessa e que precisa ser fomentado. Além disso, os impactos acabam sendo muito evidentes, como na auto-estima da família. Uma das primeiras clientes, uma mãe e chefe de família, começou reformando seu banheiro. Em dois anos ela já tinha reformado a casa toda. As pessoas se sentem motivadas e com possibilidades reais de investir na reforma de seus imóveis”, conta Assad.

O modelo abre possibilidades para diferentes formatos de investimento, enfatiza Fernando, tanto para quem é do campo social, para beneficiar o saneamento ou qualidade de vida da população de baixa renda, por exemplo, como para o ultra-investidor do mercado financeiro, ao criar novas modalidades de crédito e ganhos. “Tivemos uma experiência com uma instituição de combate à violência sexual contra crianças e adolescentes no qual a construção de um quarto separado para pais e crianças impacta na redução dos casos violência sexual”, exemplifica.

Sobre o Instituto Fonte: Os processos de mudança foram apresentados pela consultora Pilar Cunha, que falou sobre as “dores e delícias” da renovação do Instituto Fonte. Com as saídas e entradas, algo interessante é o fato das novas consultorias terem provindo dos próprios programas do Instituto. “Já a mudança de lugar está relacionada à vontade de se abrir e se comunicar com o mundo de outro jeito. A gente lança perguntas para o mundo e também quer receber muitas provocações”, encerrou Pilar.

O evento foi finalizado com muita música e re-encontros.

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  • Fernando Assad

    Programa Vivenda

    “A coisa mais bacana desse papo é a gente começar a espalhar um pouco essa ideia de que, como foi comentado, é o encontro dos opostos. A gente construiu, por algum motivo, a ideia de que o mercado é uma coisa e que a sociedade civil é outra. Por que a gente pensa isso? Quem dividiu esse negócio? O mercado é a feira e na feira está todo mundo. Então, essa conversa traz um pouco essa ideia de que a gente está tão dividido em tantas coisas, porque a gente não começa a atrair os opostos e começa a construir uma coisa única, ética, de impacto, valor econômico, social. Olhando para Vivenda, é gostoso a gente relembrar que isso é um processo. Estamos tateando tudo isso, deixando essas coisas germinarem para daqui um tempo poder ver o que é mesmo”

  • Jos Schoenmaker

    Consultor de IMO Brasil

    “Sempre estive ligado ao que o Instituto Fonte vem fazendo em consultorias e quero destacar o quanto é inovador o fato de ter vindo para um lugar como esse, do Impact Hub. A discussão de hoje traz algo que está surgindo em nossa sociedade como a união dos opostos, pessoas que, a partir de uma motivação social, estão gerando negócios de impacto também financeiro”

  • Joana Mortari

    parceira e atua com a cultura de doação no Brasil

    “É muito bom conhecer esse novo momento do Fonte. Eu estou adorando fazer parte e espero que seja um momento de incentivo. A conversa sobre investimento de impacto foi uma surpresa e eu achei ótimo. Agora, como isso conversa com o Fonte, vamos ver, não é?”